O deputado
republicano Kevin McCarthy, que era o speaker
da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, foi destituído do seu
cargo na sequência de uma votação em que oito deputados da direita radical do
seu partido se aliaram com a minoria democrata e o afastaram por 216 votos
contra 210. Toda a imprensa americana destacou esta notícia. Uma situação
destas nunca tinha acontecido na história americana e, de acordo com a
imprensa, tanto o partido Republicano como a Câmara dos Representantes “estão
no caos”, numa altura crítica para o país devido à necessidade de um acordo
sobre o orçamento do próximo ano, mas também em relação ao apoio à Ucrânia, ao
inquérito de impeachment a Joe Biden
e à campanha presidencial que se aproxima. As explicações que a imprensa
internacional dá para esta situação são pouco convincentes, pois não pode ser
apenas uma questão de rivalidades pessoais entre os deputados Kevin Mc Carthy e
Matt Gaetz, ou de combate político entre os dois blocos partidários americanos.
Estão decorridos
quase três anos sobre a vitória eleitoral de Joe Biden e a invasão do
Capitólio, mas “seis em cada dez republicanos ainda não acreditam que Joe Biden
ganhou legitimamente em 2020”. Desde então, os republicanos e o ex-presidente
Donald Trump, têm alimentado um intenso combate político a que os americanos
não estavam habituados, não só como elemento da normal luta pelo poder nas
sociedades democráticas, mas também porque parece serem crescentes as dúvidas quanto
ao apoio futuro à Ucrânia que está a ser demasiado caro. Provavelmente, a
destituição de Kevin McCarthy está relacionada com as crescentes dúvidas sobre
esse problema e o facto é que, de repente, em Kiev e em Granada, os europeus
têm procurado alternativas à assistência americana à Ucrânia.