segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

O renascimento bem inesperado do Daesh

A guerra na Síria teve início em Março de 2011, quando o mundo árabe atravessava uma onda de protestos que ficou conhecida por Primavera Árabe, mas mais de uma dezena de anos depois, essa guerra ainda não acabou. Porém, a República Árabe Síria e o seu líder Bashar al-Assad deixaram de ser notícia nos mass media internacionais, pelo que pouco se sabe sobre o que se passa no terreno.
Parece que o regime de Bashar al-Assad controla grande parte do território sírio em consequência do apoio ou da intervenção russa, mas que continua a haver bolsas controladas pela oposição ou pelas oposições sírias, sobretudo na fronteira com a Turquia e no Curdistão sírio. Parece, também, que há tréguas ou que existe algum apaziguamento entre as Forças Armadas da Síria e as Forças Democráticas Sírias (SDF), uma aliança militar liderada pelos curdos e que integra outras forças da oposição síria, talvez porque procurem entender-se ou porque têm um inimigo comum: o Daesh ou ISIS (Estado Islâmico do Iraque e Síria).
Neste quadro de ausência de informação, o jornal saudita Arab News que se publica em Jeddah, noticia na sua edição de hoje que, há quatro dias, o Daesh atacou uma prisão síria em Ghwayran, no nordeste do país, que é controlada pelas forças de segurança curdas que pertencem às SDF. Nessa prisão encontra-se a maioria dos 12.000 prisioneiros suspeitos de pertencerem ao Daesh, dos quais mais de 2.000 são estrangeiros de cerca de cinquenta países.
Pois o Daesh reapareceu e atacou essa prisão para libertar os seus militantes jihadistas. Um carro-bomba atingiu a entrada da prisão e uma outra explosão ocorreu nas proximidades, após o que os militantes do Daesh atacaram as forças curdas e tentaram assaltar a prisão. Mais de setenta militantes do Daesh foram mortos, mas também morreram 17 combatentes curdos. A luta pela prisão parece continuar, embora as SDF afirmem estar a dominar a situação. O jornal refere que “o número de mortos subiu para 136 após quatro dias de combates ferozes” e informa que “foi a maior operação do Daesh desde a queda do califado em Março de 2019”.
Afinal, ao contrário do que foi dito por Donald Trump, o autoproclamado califado do Daesh não desapareceu