Depois de 580
dias na prisão e na sequência de uma decisão do Supremo Tribunal Federal
brasileiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi libertado da prisão
de Curitiba, conforme relata a Folha de S.Paulo.
Embora não
conheça os detalhes jurídicos da acusação, do julgamento e da condenação de
Lula da Silva, nem as razões que agora ditaram a sua libertação, o caso Lula
sempre me despertou interesse, sobretudo porque se trata de um homem cuja
presidência, exercida entre 2003 e 2011, prestigiou internacionalmente o
Brasil. O seu percurso político e a sua experiência operária e sindical
levaram-no à presidência do quinto maior país do mundo (96 vezes maior do que
Portugal), desenvolvendo o famoso programa “Fome Zero”, que foi reconhecido
pelas Nações Unidas como o mais eficente programa mundial de redução da pobreza,
com cerca de 40 milhões de brasileiros a ascenderem a uma nova classe média e
com o número de pessoas que passam fome a ser reduzido em 50%. Evidentemente
que esta mensagem de sucesso que vingou no exterior, não terá tido o mesmo
reconhecimento interno, mas o facto é que os brasileiros se preparavam para
levar Lula da Silva de novo à presidência. Porém, as acusações veiculadas e
ampliadas pela imprensa, a par dos agentes da Justiça brasileira, travaram a
hipótese de Lula da Silva disputar as eleições presidenciais de 2018 e daí
resultou a vitória de Jair Bolsonaro, um presidente que não prestigia o seu país.
À saída da prisão,
Lula era esperado por muitos dos seus correligionários e atacou “o lado podre do Estado,
da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal”, prometendo que ia lutar
pelo Brasil. Os seus adversários não lhe vão dar tréguas para o devolver à prisão,
mas a oposição ao actual regime brasileiro ganhou uma maior coesão e uma poderosa
bandeira chamada Luiz Inácio Lula da Silva.