Sob o título E agora, Brasil?, o diário Folha
de S. Paulo iniciou ontem uma série de grandes reportagens sobre temas
importantes para a sociedade brasileira, em que apresenta estatísticas, diagnósticos
e propostas para reflexão dos seus leitores e da sociedade brasileira.
A
primeira dessas reportagens é excelente, versou o tema da segurança pública e essa prioridade justifica-se: o
Brasil é hoje o país com o maior número de homicídios do mundo e em 2016 foram
contabilizadas 61.283 mortes, que é um número próximo da média anual de mortos
na guerra civil da Síria. A violência e o desemprego
constituem actualmente duas das maiores preocupações dos brasileiros, mas
também das autoridades que, para atenuar o problema, se decidiram desde 16 de
Fevereiro por uma intervenção federal na área da segurança pública e do combate
à violência e à criminalidade no Estado do Rio de Janeiro.
O Brasil é reconhecido como um recordista mundial de mortes violentas e
sete pessoas são assassinadas em cada hora. A taxa média brasileira de homicídios por grupo
de 100 mil habitantes chegou a 29,7 em 2016, que é praticamente o triplo do
padrão considerado aceitável no mundo, mas esse índice não é uniformemente distribuído.
As enormes assimetrias regionais brasileiras também se verificam nos índices de
criminalidade, porque enquanto no Estado de S. Paulo se verificam cerca de 10
homicídios por 100 mil habitantes, no Estado de Sergipe, no outro extremo do
Brasil, ocorreram 64 mortes por 100 mil pessoas em 2016.
O Brasil também está entre os países com menor taxa de
esclarecimento dos homicídios o que significa impunidade, por falta ou por ineficiência
das investigações policiais. Em média, apenas são esclarecidos cerca de 15% dos
assassinatos que acontecem no país, enquanto esses índices atingem números bem
diferentes no Reino Unido (90%), na França (80%), nos Estados Unidos (65%) e na
Argentina ( 45%).
Perante este quadro, entre outras interrogações, o
jornal pergunta: investir nas polícias ou na redução das desigualdades socio-económicas
brasileiras?
Daqui do outro lado do Atlântico observamos o Brasil a que nos ligam tantos afectos e não deixamos de ficar preocupados nem de torcer para que a situação social melhore.