No grupo central do arquipélago dos Açores, situam-se as ilhas do Pico, Faial e S. Jorge, cujo conjunto é conhecido por “ilhas do Triângulo”.
Neste conjunto destaca-se a ilha do Pico que é a segunda maior ilha dos Açores e que exibe a mais alta montanha de Portugal. Raul Brandão, que visitou os Açores em 1924, não lhe resistiu esteticamente e na sua famosa obra “As Ilhas Desconhecidas”, escreveu:
“O Pico é a mais bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ela pertence, duma cor admirável e com um estranho poder de atracção. É mais que uma ilha – é uma estátua erguida até ao céu e moldada pelo fogo”.
Raul Brandão entusiasmou-se, porque o Pico tem ciclos muito distintos.
No Inverno a ilha é rodeada por mares encapelados e tempestuosos, sendo marcada por dias sombrios e neblinas espessas, chuvas intensas e ventanias atlânticas.
Depois, quando chega a Primavera, inicia-se um novo ciclo de vida, com a paisagem natural a transformar-se com a exuberância verde das pastagens e dos arvoredos, com a neve da alta montanha a desaparecer e com as actividades a surgir com uma renovada energia.
Mais tarde, chegará o Verão e com ele uma paisagem particularmente atraente, com um mar azul apelativo, as bermas das estradas floridas de hortênsias, uma luminosidade intensa, muitas festas e romarias, muitos visitantes e muita vida.
O Pico tem todos estes ciclos bem marcados e sempre sugestivos. Eu gosto de todos eles e, por isso, por lá passei com satisfação no início desta Primavera.