domingo, 31 de julho de 2022

Cinco meses de dura guerra na Ucrânia…

A guerra na Ucrânia já decorre há mais de cinco meses, mas parece que está para durar e que as partes não estão interessadas num cessar-fogo, pois a sua retórica continua a ser de confrontação e de tentativa de domínio ou humilhação do seu adversário. A imprensa internacional deixou de acompanhar este conflito como tema relevante, sobretudo depois de verificar que se trata de um confronto entre dois blocos de interesses conflituantes que vem desde o tempo da 2ª Guerra Mundial e que “o caso da Ucrânia” é apenas um pretexto para ressuscitar a Guerra Fria e restaurar o conceito de “cortina de ferro”, expresso por Winston Churchill em 1946, para caracterizar as divisões políticas e ideológicas entre o Velho Continente.
Hoje, já é claro que o povo ucraniano podia ter sido poupado a esta catástrofe e a Europa a esta crise que atravessa, se os dirigentes mundiais tivessem sido inteligentes, ou se as indústrias do armamento não tivessem fome de vendas e sede de lucros. No terreno, a propaganda e a contrainformação têm sido armas tão letais quanto os mísseis, a artilharia, os tanques ou os aviões, daí resultando que pouco sabemos a respeito da verdade e do que se passa no terreno, mas também quanto às hipóteses de ser encontrada a paz.
Para além das ameaças e das provocações recíprocas que aconteceram anteriormente e da ilegalidade da invasão russa iniciada a 24 de Fevereiro, que foi enfrentada por uma inesperada resistência ucraniana, pouco sabemos sobre o conflito, até porque as televisões manipulam a audiência ao misturarem, demasiadas vezes, opinião com notícia que, por definição, umas são verdadeiras e outras falsas.
Parece que, de facto, o conflito está para durar. Sabemos que uma parte do mundo condena a Rússia, mas sabemos que outra parte se abstém, que haverá crimes de guerra, que há fornecimentos maciço de armamento a inundar o território ucraniano e a destruir o país, mas pouco mais sabemos.
Nesse quadro, é muito interessante o anúncio hoje feito pelo jornal catalão El Periódico, que nos próximos dias irá fazer uma “viaje a las fronteras rusas, com paradas en Finlandia, Letonia, Lituania y Polonia, donde más temor há generado la invasión de Ucrania”. A reportagem dessa viagem chama-se Las fronteras de la ansiedad ou Viaje a la frontera del expansionismo ruso, pois nesses países haverá muita ansiedade quanto a uma eventual invasão russa. Talvez esta reportagem nos ajude a compreender melhor a realidade.

O Reino Unido à procura de um novo líder

O Reino Unido é considerado a mais antiga democracia do mundo moderno e, só por isso, o mundo admira este país, apesar de não lhe faltarem inúmeras contradições e escândalos, como se viu por exemplo no processo do Brexit.
Com as suas excentricidades que envergonhariam Winston Churchill ou Margareth Tatcher, o actual primeiro-ministro Boris Johnson perdeu a confiança dos seus pares do Partido Conservador e foi obrigado a renunciar ao seu cargo, pelo que foi aberto o processo de sucessão e a corrida eleitoral para escolher o próximo líder do partido e próximo primeiro-ministro. Apareceram inicialmente onze deputados candidatos, mas com algumas desistências e com a votação que os parlamentares conservadores foram fazendo, estão actualmente na corrida Liz Truss e Rishi Sunak.
Liz Truss tem 47 anos de idade, está no Parlamento desde 2010, é a actual Secretária de Estado para os Assuntos Estrangeiros, da Commonwealth e Desenvolvimento e, no processo do Brexit, foi apoiante do remain, isto é, esteve contra o Brexit.
Rishi Sunak tem 42 anos de idade, está no Parlamento desde 2015 e foi Chanceler do Tesouro, cargo a que renunciou por divergências com Boris Johnson, daí resultando o início da actual crise.
Liz Truss e Rishi Sunak pertencem ao mesmo Partido Conservador e ambos fizeram parte do governo de Boris Johnson. Um deles será o próximo primeiro-ministro da Grã-Bretanha. Até ao dia 5 de Setembro, data em que termina a votação dos cerca de 160 mil membros do Partido Conservador e em que será anunciado o vencedor, tanto Truss como Sunak andarão numa roda-viva por todo o país à caça do voto.  Hoje o jornal The Independent recorda que serão os membros do Partido Conservador com quotas pagas – 0,34% do eleitorado britânico – que vão escolher o próximo líder do partido Conservador e o próximo primeiro-ministro do Reino Unido.
Embora o jornal não o afirme expressamente, sugere que é uma grande distorção da Democracia, pois 160 mil cidadãos vão "substituir" cerca de 50 milhões de eleitores.