domingo, 13 de julho de 2014

A função social dos jornais e os jornalistas

O gabinete oficial de estatísticas da EU (Eurostat) divulgou no passado dia 10 a newsrelease 108/2014, na qual anuncia as primeiras estimativas sobre a população europeia relativas a 1 de Janeiro de 2014. Assim, no primeiro dia do ano a população da União Europeia (UE28) era estimada em 507,4 milhões de pessoas, ligeiramente superior aos 505,7 milhões que se verificavam no dia 1 de Janeiro de 2013, sendo esta alteração justificado por um aumento natural de 80 mil pessoas e por um acréscimo de 700 mil novos imigrantes.
No que se refere a Portugal a informação do Eurostat é bem precisa: no ano de 2013 a população portuguesa baixou de 10,48 para 10,42 milhões de pessoas, tendo havido 82,8 mil nascimentos e 106,5 mil óbitos. A este crescimento negativo de -23,8 mil pessoas há a acrescentar um saldo migratório negativo de -36,2 mil habitantes, pelo que o país perdeu cerca de 60 mil habitantes no último ano. A situação de envelhecimento demográfico é muito grave e é bem conhecida, mas o governo não parece dar-lhe a importância que merece com medidas incentivadoras da natalidade. Portugal registou em 2013 a mais baixa taxa bruta de natalidade na UE28 (7,9‰), enquanto na Espanha essa taxa se situou nos 9,1‰. Relativamente aos óbitos, em Portugal verificaram-se 10,2 óbitos por mil habitantes, enquanto na Espanha aconteceram 8,3 óbitos por mil habitantes. Significa, portanto, que em Portugal houve menos nascimentos e mais óbitos do que em Espanha e que a alteração demográfica natural foi mais grave em Portugal do que em Espanha.
Porém, enquanto o diário ABC fala hoje do “suicídio demográfico espanhol”, os nossos jornais não consideram este tema merecedor de destaque nas suas primeiras páginas. É lamentável que os nossos jornais e a generalidade dos nossos jornalistas se percam com assuntos menores e que ignorem o seu papel na construção da nossa realidade social e que não cumpram a sua função de alertar e de pressionar os poderes públicos democráticos presentes na sociedade.

Aproxima-se o futuro da Escócia

Será já no próximo dia 18 de Setembro que se realizará o referendo em que os escoceses irão decidir se querem continuar integrados na Grã-Bretanha ou se preferem ser independentes.
O resultado dessa consulta popular não vai ser apenas importante para os escoceses, pois vai ter grande repercussão internacional, sobretudo se optarem pela sua saída da Grã-Bretanha. Depois de uma união que dura há 307 anos e que “governou um terço da Humanidade” e que ainda serve de modelo e de inspiração para muita gente, a hipótese de dissolução do Reino Unido está a assustar. Naturalmente, há factores favoráveis e factores desfavoráveis à independência escocesa, que são valorizados por cada um dos lados em confronto mas, para a generalidade da população, a principal questão é saber se ficam melhor ou pior com a separação do Reino Unido.
O conceituado The Economist tomou posição e é claramente favorável à permanência da Escócia na Grã-Bretanha, embora reconhecendo que Londres deva ceder mais poder a Edimburgo  e sintetiza: a Escócia pode ser independenter, mas não deve. A independência é uma questão que tem tanto de emocional como de racional. Neste aspecto, os nacionalistas asseguram que uma Escócia independente será mais próspera, mais democrática e beneficiará dos rendimentos do petróleo do Mar do Norte, mas os seus adversários avisam que a população escocesa está envelhecida, que a exploração do petróleo se aproxima do fim, que a produtividade global é baixa e que a Escócia independente passará por dificuldades semelhantes às da Irlanda. Os escoceses decidirão, mas é evidente que se optarem pela independência abrirão uma caixa de Pandora e darão força à ideia de uma Europa das Pátrias, com repercussões em muitas outras regiões europeias, nomeadamente na Catalunha, mas não só. Por outro lado, se os escoceses vierem a sair do Reino Unido, o amor-próprio dos britânicos sairá muito fragilizado e perderão muita influência no mundo e no Conselho de Segurança das Nações Unidas, na União Europeia, no G7, no FMI e na Commonwealth.