No contexto da nossa crise, o que está a acontecer no mercado automóvel é surpreendente e até parece um paradoxo, conforme revelam as Estatísticas de Vendas de Veículos Ligeiros de Passageiros divulgadas pela ACAP.
Entre Janeiro e Setembro do corrente ano verificou-se uma quebra de vendas de 39.7% relativamente ao mesmo período do ano anterior, o que não surpreende pois está em linha com a quebra de rendimento das famílias portuguesas. Porém, enquanto as vendas de quase todas as marcas automóveis estão a sofrer quebras muito acentuadas, as marcas de gama alta estão a ser menos castigadas, acontecendo inclusive que, entre as 34 marcas que venderam automóveis em Portugal no mês de Setembro, há duas que conseguiram aumentar as suas vendas, casos da BMW e da Audi, o que já surpreende.
As marcas mais vendidas em Setembro foram a Volkswagen (607), a Renault (563), a Mercedes (560), a Peugeot (555), a BMW (506), a Audi (471) e a Opel (380), o que significa que entre as sete marcas mais vendidas em Portugal estão cinco marcas alemãs, incluindo os fabricantes de gama alta – Mercedes, BMW e Audi – que, conjuntamente, têm uma quota de mercado de 25%. Note-se, ainda, que em Setembro foi vendido um Ferrari e 27 unidades da Porsche. É realmente surpreendente este resultado das vendas de veículos ligeiros de passageiros em Portugal no que respeita às marcas de gama alta, porque revela que a crise não é para todos e que há por aí muita gente, com muito dinheiro e com muita vaidade.