A propósito da
Convenção Nacional do Partido Democrata que hoje se encerra e que escolheu
Kamala Harris como candidata à presidência dos Estados Unidos, as notícias
televisivas têm mostrado unanimidade, muito entusiasmo e um enorme apoio que lhe tem
sido dado, nomeadamente por Oprah Winfrey, Nancy Pelosi, os Clintons, os Obamas
e outros dignitários. Porém, a edição
de hoje do jornal Chicago Sun Times revela que os Democratas estão divididos pelo
problema de Gaza.
De acordo com aquele jornal, no exterior da Convenção
estiveram muitos activistas a protestar contra a ofensiva israelita em Gaza,
enquanto no interior da Convenção se manifestou um pequeno mas expressivo
contingente de delegados democratas que suspendeu o apoio a Kamala Harris, até
que ela “se comprometa a cortar o fornecimento de armas a Israel”. Muitos
destes delegados estão alinhados com o movimento de protesto que tem apelado a
Joe Biden para cortar o fluxo de armas americanas para Israel, destacando-se
Abbas Alawich, delegado do Michigan, que disse da dificuldade em contactar as
bases do partido, quando “vemos o assassinato em massa de crianças e bebés em
Gaza usando armas dos Estados Unidos”. Durante o discurso de Joe Biden foi
desfraldada uma faixa no salão da Convenção pedindo-lhe que “pare de armar
Israel”, embora essa faixa tivesse sido imediatamente retirada por outros
delegados. Num outro discurso, o senador Bernie Sanders, antigo candidato
presidencial, afirmou que “devemos acabar com esta guerra horrível em Gaza” e,
dirigindo-se a Kamala Harris, disse-lhe para que “traga os reféns para casa e
exija um cessar-fogo imediato”.
Muitos delegados
e congressistas Democratas alertaram que esta questão “pode inclinar a
votação de 5 de novembro para o candidato republicano”, mas o que é
significativo é o facto do conflito israelo-palestiniano e o apoio americano ao
radicalismo israelita estarem no centro da luta eleitoral americana. De facto, ainda vai correr muita água debaixo das pontes durante a corrida eleitoral.