quinta-feira, 22 de agosto de 2024

EUA: a questão de Gaza e a luta eleitoral

A propósito da Convenção Nacional do Partido Democrata que hoje se encerra e que escolheu Kamala Harris como candidata à presidência dos Estados Unidos, as notícias televisivas têm mostrado unanimidade, muito entusiasmo e um enorme apoio que lhe tem sido dado, nomeadamente por Oprah Winfrey, Nancy Pelosi, os Clintons, os Obamas e outros dignitários. Porém, a edição de hoje do jornal Chicago Sun Times revela que os Democratas estão divididos pelo problema de Gaza. 
De acordo com aquele jornal, no exterior da Convenção estiveram muitos activistas a protestar contra a ofensiva israelita em Gaza, enquanto no interior da Convenção se manifestou um pequeno mas expressivo contingente de delegados democratas que suspendeu o apoio a Kamala Harris, até que ela “se comprometa a cortar o fornecimento de armas a Israel”. Muitos destes delegados estão alinhados com o movimento de protesto que tem apelado a Joe Biden para cortar o fluxo de armas americanas para Israel, destacando-se Abbas Alawich, delegado do Michigan, que disse da dificuldade em contactar as bases do partido, quando “vemos o assassinato em massa de crianças e bebés em Gaza usando armas dos Estados Unidos”. Durante o discurso de Joe Biden foi desfraldada uma faixa no salão da Convenção pedindo-lhe que “pare de armar Israel”, embora essa faixa tivesse sido imediatamente retirada por outros delegados. Num outro discurso, o senador Bernie Sanders, antigo candidato presidencial, afirmou que “devemos acabar com esta guerra horrível em Gaza” e, dirigindo-se a Kamala Harris, disse-lhe para que “traga os reféns para casa e exija um cessar-fogo imediato”.
Muitos delegados e congressistas Democratas alertaram que esta questão “pode inclinar a votação de 5 de novembro para o candidato republicano”, mas o que é significativo é o facto do conflito israelo-palestiniano e o apoio americano ao radicalismo israelita estarem no centro da luta eleitoral americana. De facto, ainda vai correr muita água debaixo das pontes durante a corrida eleitoral.

1 comentário:

  1. Ora aqui está um grande bico de obra para o partido democrata, e era bom que Biden o conseguisse resolver antes de terminar o mandato, como ele próprio muito desejaria e não o deixando para Kamala, obrigando-a a tomar uma posição sobre o assunto na campanha eleitoral, arriscando-se a dividir os democratas.

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