domingo, 17 de fevereiro de 2013

A corneta do passos-gasparismo

O homem aparece às quintas-feiras pelas dez da noite na TVI, animando um programa de informação em que é apresentado como comentador. Procura explicar tudo e os porquês das coisas. Eleva a voz e gesticula. Insinua que priva com o poder. Que sabe o que se passa nos gabinetes. Elogia, mas às vezes deixa umas pequenas críticas para dar credibilidade ao que diz. É ele que dá notícias em primeira mão, substituindo-se aos ministros. É ele que anuncia, que diz o que vai acontecer. Nem sequer se esforça por mostrar independência ou equilíbrio. Não passa de uma imitação do modelo marcelo.  
Porém, trata-se de um disfarce. O homem não é um comentador, é um impostor. Quer parecer comentador, mas não passa de um servil assessor do nosso primeiro. Antes era o Borges que anunciava, agora é o Mendes que faz o triste papel de porta-voz do governo. É a corneta do passos-gasparismo.
Depois de uma carreira política em que deu o seu contributo para o estado a que isto chegou e em que melhor faria que se dedicasse a outras coisas, presta-se agora a esta tão ridícula figura de assessor travestido de comentador. O que fará correr o pequeno Mendes contra os seus companheiros de percurso politico-partidário, que não se rendem a esta governação que nos afunda e nos encaminha para uma catástrofe social?

O Estado foi condenado por não fiscalizar

O mais antigo jornal português - Açoriano Oriental – informou que o Estado, através do Ministério da Defesa Nacional, foi condenado a indemnizar os pescadores açorianos por “clara omissão” de fiscalização das embarcações estrangeiras na Zona Económica Exclusiva dos Açores.  A acção tinha sido interposta por associações de pescadores e ambientalistas açorianos, que reclamaram uma indemnização superior a um milhão de euros pelos prejuízos causados pela diminuição, ou mesmo a eliminação, da fiscalização das águas para além das 100 milhas, entre 2002 e 2004.  O Tribunal Administrativo Central de Ponta Delgada condenou o Estado em 2009, mas este recorreu da sentença que veio agora a ser confirmada pelo Tribunal Central Administrativo Sul. Segundo refere o acórdão deste tribunal, nesse período não foram efectuadas missões conjuntas de fiscalização entre a Marinha e a Força Aérea, com prejuízo para a eficácia dessa fiscalização. Além disso, os meios afectos pela Marinha à fiscalização da pesca nos Açores também diminuíram, tendo passado de dois navios em permanência na região para apenas um. Segundo o tribunal, a falta de fiscalização fez com que as embarcações estrangeiras a pescar nas águas açorianas tivesse aumentado exponencialmente, chegando a ser mais de sessenta embarcações espanholas por mês. O acórdão refere, ainda, que “a omissão de fiscalização acarreta e acarretará no futuro, se se mantiver, danos irreversíveis na conservação dos ecossistemas constituídos por cada um dos bancos de pesca”. O Estado não pode abdicar de nenhuma das suas funções de soberania, nem das outras. O tribunal andou bem.