Recebi uma carta que me foi enviada por pessoa que não conheço e que assina como Francisco de Lacerda, presidente do Conselho de Administração dos CTT. Percebi que era o "coveiro de serviço" nos CTT, mas como não sabia quem era a personagem fui procurar e verifiquei que é um licenciado com 53 anos de idade que sempre esteve bem encaixado, nomeadamente no Millenium e na Cimpor. Talvez tivesse dado um contributo para o buraco que é hoje o Millenium e outro para a extinção da Cimpor, como uma das nossas jóias da coroa e, por isso, com este currículo ou com este cadastro, o licenciado Lacerda foi escolhido para fazer mais estragos, agora no património público através dos CTT.
Pois na carta que me enviou, o Lacerda faz-me um convite “para que continue a escrever connosco esta história de sucesso” que são os CTT. Então se é uma história de sucesso, eu pergunto para quê privatizá-los? E porque aceita ele ser o coveiro do nosso sucesso? Francamente, oh! Lacerda!
Os CTT são uma das poucas empresas estatais que são lucrativas e importa perceber claramente o que se pretende com a sua privatização, pois estamos fartos de assistir à privatização dos lucros e à nacionalização das perdas. Os CTT são uma garantia de coesão territorial porque são a única rede pública verdadeiramente disseminada por todo o país, que só uma gestão pública poderá assegurar. Não é por acaso que os serviços dos correios são públicos na maioria dos países da Europa ou até nos Estados Unidos. Diz-se que o Estado pode encaixar cerca de 600 milhões de euros com a venda em bolsa dos CTT, que servirão para amortizar a nossa dívida, mas isso nem dá para pagar seis meses de juros à troika. Que fanatismo o teu e o dos teus patrões, oh! Lacerda! Qualquer dia lembram-se de privatizar a Torre de Belém ou a ilha do Corvo.