sábado, 23 de novembro de 2013

O Lacerda é o coveiro de serviço nos CTT

Recebi uma carta que me foi enviada por pessoa que não conheço e que assina como Francisco de Lacerda, presidente do Conselho de Administração dos CTT. Percebi que era o "coveiro de serviço" nos CTT, mas como não sabia quem era a personagem fui procurar e verifiquei que é um licenciado com 53 anos de idade que sempre esteve bem encaixado, nomeadamente no Millenium e na Cimpor. Talvez tivesse dado um contributo para o buraco que é hoje o Millenium e outro para a extinção da Cimpor, como uma das nossas jóias da coroa e, por isso, com este currículo ou com este cadastro, o licenciado Lacerda foi escolhido para fazer mais estragos, agora no património público através dos CTT.
Pois na carta que me enviou, o Lacerda faz-me um convite “para que continue a escrever connosco esta história de sucesso” que são os CTT. Então se é uma história de sucesso, eu pergunto para quê privatizá-los? E porque aceita ele ser o coveiro do nosso sucesso? Francamente, oh! Lacerda!
Os CTT são uma das poucas empresas estatais que são lucrativas e importa perceber claramente o que se pretende com a sua privatização, pois estamos fartos de assistir à privatização dos lucros e à nacionalização das perdas. Os CTT são uma garantia de coesão territorial porque são a única rede pública verdadeiramente disseminada por todo o país, que só uma gestão pública poderá assegurar. Não é por acaso que os serviços dos correios são públicos na maioria dos países da Europa ou até nos Estados Unidos. Diz-se que o Estado pode encaixar cerca de 600 milhões de euros com a venda em bolsa dos CTT, que servirão para amortizar a nossa dívida, mas isso nem dá para pagar seis meses de juros à troika. Que fanatismo o teu e o dos teus patrões, oh! Lacerda! Qualquer dia lembram-se de privatizar a Torre de Belém ou a ilha do Corvo.

Empobrecemos para engordar a troika

A maioria dos portugueses já viu que as políticas de austeridade impostas pela troika têm sido um desastre e que ao fim de 30 meses não se vê luz ao fundo túnel. Os meses passam e, de facto, estamos cada vez pior. A nossa vida vai-se degradando com mais impostos e menos rendimentos, mais insegurança e menos alegria. Só o fanatismo, a ignorância ou a má fé dos governantes e dos seus amigos não vê este continuado descalabro nacional e esta humilhação a que se (e nos) sujeitam. Esse grupo de jovens alucinados e impreparados que ocupou o poder tem conduzido o nosso país sem fazer a defesa dos portugueses como é o seu dever, mas apenas para agradar à troika e para alimentar os apetites dos seus burocratas apátridas. Durante este período já longo de muitos meses, o nosso país tem empobrecido e muitos milhares de pessoas emigraram, a dívida e o desemprego aumentaram, o ânimo e a confiança no futuro perderam-se. Vive-se numa situação de tipo revolucionário em que tudo o que funciona e se enquadra no Estado social é objecto de destruição, o que cria uma enorme instabilidade e um generalizado clima de desânimo e de decadência.
É neste ambiente de ansiedade que somos informados que, só neste ano, Portugal já pagou à troika em juros do empréstimo internacional mais de 1446 milhões de euros e que em 2012 já tínhamos pago 1171 milhões de euros. Hoje, o jornal i soma as duas parcelas e revela que só em juros a troika já nos levou 2,5 mil milhões de euros. Afinal a maior parte dos nossos sacrifícios são para engordar a troika. É isto o que nos fazem os nossos alucinados governantes – o empobrecimento, o sacrifício, a humilhação, a desesperança. Esta é, também, a solidariedade europeia!