sexta-feira, 22 de julho de 2022

Tour de France: desportivismo exemplar

A Volta à França em bicicleta, ou simplesmente Tour de France, realiza-se desde 1903 e é um dos maiores espectáculos desportivos do mundo, pois desperta o entusiástico interesse dos franceses, como se pode observar nas transmissões televisivas diárias de grande qualidade.
No corrente ano disputa-se a 109ª edição da prova e à partida, entre os favoritos encontravam-se à partida o esloveno Tajed Pogacar (UAE-Emirates), de 23 anos de idade e que venceu as duas últimas edições da prova, juntamente com o dinamarquês Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma), de 25 anos de idade e que na última edição ficou em segundo lugar.
Nas primeiras 17 etapas do Tour eles justificaram o favoritismo que lhes era atribuído e estavam destacados nos dois primeiros lugares da classificação geral. Ontem, nos Altos Pirinéus, disputou-se a 18ª etapa entre Lourdes e a estância de esqui de Hautacam, com passagem pelo Col d’Aubisque e pelo Col de Spandellese. Era o confronto mais esperado entre os dois rivais. A cerca de 20 quilómetros da meta Pogacar e Vingegaard seguiam juntos na descida que antecede a última montanha, quando o esloveno caiu. O dinamarquês podia ter atacado, mas desacelerou até que o rival recuperasse e o alcançasse. Quando Pogacar chegou junto do seu adversário agradeceu-lhe com um aperto de mão. Foi um bonito gesto de fair-play a mostrar que mesmo numa competição de enormes interesses comerciais e financeiros, há espaço para o desportivismo e que “não vale tudo”, como acontece na maioria dos desportos-negócios. Pouco depois os dois ciclistas iniciaram a temível subida para Hautacam e a três quilómetros da meta, Jonas Vingegaard arrancou e foi mais forte, ganhando a etapa. No domingo será certamente o dinamarquês a triunfar na Volta à França e, provavelmente, o esloveno será o segundo classificado, mas estes dois jovens ganharam ambos em desportivismo e deram uma lição a muita gente. 
Assim é que é o desporto! Muitos jornais franceses publicaram hoje a fotografia de Jonas Vingegaard a cortar a meta no alto de Hautacam e chamaram-lhe o novo rei do Tour.