segunda-feira, 7 de novembro de 2022

As eleições intercalares americanas

Amanhã realizam-se as eleições de meio de mandato ou eleições intercalares nos Estados Unidos e o mundo observa com atenção o que vai acontecer, como nos mostra a imprensa internacional, nomeadamente o diário francês Le Parisien.
As eleições intercalares realizam-se dois anos depois de cada eleição presidencial, com o objectivo de renovar as duas câmaras do Congresso, elegendo os 435 novos membros da Câmara dos Representantes (100%) e um terço dos cem membros do Senado (33%), mas também 36 novos governadores estaduais. Acontece que no sistema americano, qualquer legislação tem que ser aprovada tanto pela Câmara dos Representantes como pelo Senado, sendo depois promulgada pelo presidente, o que significa que quando o partido da oposição domina uma das câmaras, pode bloquear qualquer legislação e a acção governativa.
Actualmente, o Partido Democrata (de Joe Biden) tem a maioria em ambas as Câmaras do Congresso, mas as sondagens apontam para que seja eleita uma maioria do Partido Republicano (de Donald Trump) para a Câmara dos Representantes e, eventualmente, para conseguirem a maioria no Senado, sobretudo porque os eleitores andam descontentes com a ameaça de recessão económica, com a inflação e com os efeitos da guerra na Ucrânia.
Donald Trump e os seus seguidores emergiram e mais de metade dos candidatos republicanos são negacionistas eleitorais, continuando a defender que as eleições presidenciais de 2020 foram ganhas por Trump e não por Biden, pelo que os Estados Unidos podem estar em vésperas de muita instabilidade ou mesmo de ingovernabilidade. Nestas condições, a administração de Joe Biden parece que vai enfrentar grandes dificuldades não só na política interna – inflação, economia, aborto, crime e violência armada, ameaça à democracia – mas, sobretudo, no seu apoio à Ucrânia ou na sua disputa com a China.