sexta-feira, 14 de julho de 2023

A lição que nos vem do Tour de France

Hoje celebra-se o 14 Juillet, a Festa Nacional de França, em que se evoca a tomada da Bastilha, que em 1789 constituiu um passo decisivo no arranque da Revolução Francesa. Os franceses festejam este feriado nacional com festas populares e paradas militares por todo o país mas, também, com uma das mais importantes etapas da 110ª edição do Tour de France. Os ciclistas disputam hoje a 13ª etapa iniciando o “assalto” aos Alpes e, no final da etapa, terão que subir os 17 quilómetros do Gran Colombier, a famosa montanha da cordilheira do Jura.
O dinamarquês Jonas Vingegaard e o esloveno Tajed Pogacar têm justificado o favoritismo que lhes era atribuído desde o primeiro dia da prova e ocupam os dois primeiros lugares da tabela classificativa, mas hoje vão entrar na fase final da luta pela vitória. A rivalidade entre ambos é enorme e há grandes interesses comerciais em volta das camisolas que vestem. Porém, como destaca a fotografia que hoje é publicada na edição do jornal La Dépêche du Midi, os dois ciclistas são amigos, são colegas de profissão, têm fair-play e grande desportivismo. Hoje irão medir forças e suscitar o entusiasmo dos milhares de pessoas que os acompanharão na estrada e dos milhões que os irão ver pela televisão, mas eles saberão estar à altura da sua rivalidade e dos interesses que profissionalmente defendem. É uma bela lição que dão ao mundo, numa altura em que no leste da Ucrânia se agudiza a guerra e em que a lógica belicista e os interesses que lhe estão associados se acentuam. 
É uma pena que a paz na Ucrânia não dependa de Vingegaard e de Pogacar, pois eles saberiam lutar pelos seus interesses com determinação e coragem, à mesa das negociações como na estrada, mas certamente em clima de paz e de concórdia.