O mundo do
futebol é cada vez mais um mundo fantástico, que atrai multidões, que satisfaz
emoções e que movimenta milhões, sobretudo no período que medeia entre o fim de
uma época e o início da época seguinte. Nesse período, a que por vezes se chama
o defeso, os clubes desportivos
tentam reforçar as suas equipas de futebol através da contratação de jogadores
e treinadores, ao mesmo tempo que procuram assegurar as suas fontes de
financiamento, através de contratos para as transmissões televisivas ou para a
exploração de espaços publicitários, que lhes garantam uma gestão desportiva e
financeira equilibrada. Porém, a complicar a gestão dos clubes desportivos
estão os adeptos e os seus entusiasmos, que exigem para o seu clube os melhores
jogadores, os melhores técnicos e, naturalmente, os melhores resultados.
É nesse quadro
que o Fenerbahçe Spor Kulübü, ou simplesmente
Fenerbahçe, um importante clube turco de Istambul, tratou de contratar o
treinador português José Mourinho. A fama deste treinador é tão grande que os
jornais turcos esqueceram o Recep Tayyip Erdoğan, o Biden e o Trump, o Putin e
o Zelensky, o Netanyahu e o Stoltemberg, porque, como diria o Camões, um Mourinho “mais alto se alevanta”. É ele que aparece em todas as primeiras páginas dos jornais. Ele é que é a notícia. Dizem os jornais que o treinador português vai ganhar 10 milhões de euros por
época, acrescidos de bónus por objectivos atingidos. Não sei se ele é tão bom
treinador como os dirigentes do Fenerbahçe pensam que é, mas sei que ele sabe
muito de marketing e que sabe vender a sua imagem de marca como poucos, tendo
levado os adeptos à loucura, como mostra a capa da edição de hoje do jornal
desportivo fotoMaç.
Aos milhares de
adeptos que o esperavam no Ulker Fenerbahçe
Sukru Saracoglu Stadium, o novo ttreinador mostrou muita sabedoria e disse-lhes o que eles queriam ouvir: “Normalmente um treinador é amado depois de vitórias, mas neste caso sinto que
sou amado ainda antes”, ou “esta camisola é a minha pele”, ou ainda, “os vossos
sonhos são os meus sonhos”.