quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Álbum de Memórias. Índia Portuguesa

No Padrão dos Descobrimentos em Lisboa encontra-se uma exposição evocativa da passagem do 50º aniversário do regresso dos militares portugueses que estiveram prisioneiros na Índia Portuguesa, depois dos acontecimentos de 1961. É uma iniciativa muito louvável da Câmara Municipal de Lisboa e da EGEAC, destinada a preservar e divulgar a memória dos últimos soldados e marinheiros da Índia Portuguesa.
Álbum de Memórias. Índia Portuguesa. 1954-62 é o seu título, que constitui uma oportuna homenagem aos militares que perderam a vida em combate e aos que, no regresso a Portugal, foram hostilizados pelo regime salazarista, sendo uma visão inédita sobre os últimos anos da Índia Portuguesa. A exposição foi concebida a partir das memórias dos militares que viveram esse período histórico, incluindo o seu espólio fotográfico, alguns objectos pessoais, extractos de diários e outros documentos. A exposição está organizada em várias secções temáticas, designadamente os aspectos da mobilização dos militares, a viagem marítima para a Índia, a missão e o quotidiano em Goa, Damão e Diu, a invasão dos territórios pelas Forças Armadas Indianas, o consequente cativeiro nos campos de concentração e, em Maio de 1962, o repatriamento. É uma lição de História e uma oportunidade para conhecer melhor o que se passou na Índia Portuguesa desde 1954, quando foram ocupados os territórios de Dadrá e Nagar-Aveli, até 1962, quando os cerca de 3 mil prisioneiros de guerra foram repatriados.
A exposição foi inaugurada em 30 de Setembro, vai continuar patente ao público até 27 de Janeiro e merece ser visitada atentamente.

A crise da Europa e o desemprego invisível

Dois jornais franceses – Le Parisien e o Aujourd’hui en France – conduziram um inquérito nacional sobre o desemprego em França e chegaram a conclusões alarmantes pelo que, nas suas edições de hoje, destacaram o título: “os números negros do desemprego invisível”. Segundo os resultados desse inquérito, os “desempregados invisíveis” não aparecem nas estatísticas oficiais, porque deixaram de acreditar nos centros de emprego, cederam à vergonha, foram tomados pelo desânimo e perderam a auto-estima. Serão dois milhões e meio de franceses. Porém, há outras categorias de “desempregados invisíveis”, como aqueles que ao concluir a sua formação escolar, nem sequer ousam entrar nos centros de emprego e se limitam a enviar cartas a pedir emprego. E há as vítimas do trabalho a tempo parcial e das tarefas precárias. Somando tudo, aqueles jornais afirmam que há 9 milhões de franceses desempregados ou em sub-emprego, a comparar com os cerca de 5 milhões que constam das estatísticas oficiais e concluem que “a sociedade francesa está muito doente”.
A realidade laboral francesa é o reflexo da grave crise económica e social que está a afectar toda a Europa e que já não poupa ninguém. Por isso, a nossa perplexidade não cessa de aumentar ao vermos o servilismo dos nossos governantes perante os seus congéneres europeus e ao ouvirmos as suas patéticas declarações de optimismo quanto ao rumo que estão a dar ao nosso destino, em que o crescimento e o emprego continuam a ser desvalorizados face às exigências dos especuladores. A crise da Europa é enorme e o desemprego, visível ou invisível, pode ser a desgraça do seu modelo social. Aqui também. Arrepiem caminho e coloquem as pessoas em primeiro lugar.