Dois jornais franceses – Le Parisien e o Aujourd’hui en France – conduziram um inquérito nacional sobre o desemprego em França e chegaram a conclusões alarmantes pelo que, nas suas edições de hoje, destacaram o título: “os números negros do desemprego invisível”. Segundo os resultados desse inquérito, os “desempregados invisíveis” não aparecem nas estatísticas oficiais, porque deixaram de acreditar nos centros de emprego, cederam à vergonha, foram tomados pelo desânimo e perderam a auto-estima. Serão dois milhões e meio de franceses. Porém, há outras categorias de “desempregados invisíveis”, como aqueles que ao concluir a sua formação escolar, nem sequer ousam entrar nos centros de emprego e se limitam a enviar cartas a pedir emprego. E há as vítimas do trabalho a tempo parcial e das tarefas precárias. Somando tudo, aqueles jornais afirmam que há 9 milhões de franceses desempregados ou em sub-emprego, a comparar com os cerca de 5 milhões que constam das estatísticas oficiais e concluem que “a sociedade francesa está muito doente”.
A realidade laboral francesa é o reflexo da grave crise económica e social que está a afectar toda a Europa e que já não poupa ninguém. Por isso, a nossa perplexidade não cessa de aumentar ao vermos o servilismo dos nossos governantes perante os seus congéneres europeus e ao ouvirmos as suas patéticas declarações de optimismo quanto ao rumo que estão a dar ao nosso destino, em que o crescimento e o emprego continuam a ser desvalorizados face às exigências dos especuladores. A crise da Europa é enorme e o desemprego, visível ou invisível, pode ser a desgraça do seu modelo social. Aqui também. Arrepiem caminho e coloquem as pessoas em primeiro lugar.
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