terça-feira, 26 de setembro de 2017

O outro fantasma de Pyongyang

O jornalista brasileiro Renato Alves do diário Correio Braziliense conseguiu um visto especial para visitar a Coreia do Norte durante dez dias e, apesar da vigilância a que esteve sujeito pelo regime de Kim Jong-un, conseguiu recolher mais de 500 fotografias, dezenas de curtos vídeos e muitas histórias.
No passado dia 3 de Setembro, data em que se realizou o sexto e, até então, mais potente teste nuclear norte-coreano, o jornalista estava em Pyongyang e sentiu a terra tremer debaixo dos seus pés.
A extensa reportagem dessa visita à Coreia do Norte começou a ser publicada no seu jornal com o título “Passaporte para o segredo” e ontem foi dedicada ao “fantasma de 105 andares” ou ao “ícone do desperdício” que existe em Pyongyang.
Trata-se de um arranha-céus inacabado que se situa no centro da cidade e que é impossível não ser visto com os seus 330 metros de altura. Seria ou é o Hotel Ryugyong, pensado como o maior hotel do mundo e como símbolo de modernidade de um país ambicioso e em ascensão.
A sua construção iniciou-se em 1987, mas nunca foi concluído devido aos mais diversos contratempos, desde a falta de financiamento até ao aparecimento de problemas estruturais. Em 2011 o governo norte-coreano decidiu concluir o exterior do enorme edifício em forma de pirâmide, com painéis de vidro e antenas de telecomunicações, mas o seu interior continuou vazio. Trinta anos depois do início da sua construção, a fachada do Hotel Ryugyong está completa e com as janelas instaladas, mas o seu interior continua vazio, enquanto os seus 3 mil quartos continuam sem equipamentos e sem hóspedes. Caso tivesse sido concluído em 1989 seria o maior hotel do mundo, mas actualmente seria apenas o 47º mais alto e o quinto maior em número de quartos.
Em vez de Kim Jong-un e Donald Trump se ameaçarem constantemente, porque não chegam a um acordo para que a experiência hoteleira da Trump Organization, que opera a partir da Trump Tower em Manhattan, possa resolver o problema do Hotel Ryugyong? O Donald nunca escondeu que gosta de bons negócios e esta pode ser uma boa oportunidade para estender os seus interesses até à Coreia do Norte.