O eleitorado britânico
votou no dia 23 de Junho de 2016 sobre a permanência ou não permanência do
Reino Unido na União Europeia e quase 33 milhões de votantes escolheram: 51,8%
votaram no leave, enquanto 48,2% votaram no remain. Depois de 43 anos de permanência na União
Europeia, o eleitorado escolheu a saída. David Cameron, o primeiro-ministro conservador
que organizou o referendo e que fez campanha pela permanência demitiu-se e, no
dia 13 de Julho, cedeu o seu lugar a Theresa May.
Apesar de Theresa
May ter defendido a permanência, decidiu cumprir o mandato para que foi
escolhida e tratou de iniciar o “processo de divórcio”, ao enviar uma carta ao
Conselho Europeu a activar o artigo 50 do Tratado de Lisboa. Iniciaram-se
depois as conversações com Bruxelas que
deveriam ficar concluídas e ratificadas até ao dia 29 de Março de 2019.
Por razões de política
interna, no dia 8 de Junho de 2017 realizaram-se eleições legislativas antecipadas
e Theresa May e o seu partido perderam a maioria na Câmara dos Comuns. Apesar
disso, as negociações avançaram e no dia 8 de Dezembro foi anunciado um
primeiro pré-acordo sobre as modalidades e temas do “divórcio”, entrando-se na
segunda fase das negociações.
Nesta segunda
fase das negociações começaram os problemas e o primeiro, que veio a ficar
conhecido por backstop, pretendia evitar
o regresso da fronteira física e do controlo aduaneiro entre a Irlanda do Norte
e a República da Irlanda. Depois sucederam-se as discussões em torno do tipo de
acordo a celebrar, as dissidências no governo britânico, as manifestações a
favor e contra o Brexit, a hipótese de realizar um segundo referendo e uma
verdadeira implosão no seio do Parlamento britânico. Theresa May foi incapaz de
evitar a confusão e a incerteza, conduzindo o Reino Unido para um impensável patamar
de desprestígio e de desconfiança.
Hoje deveria ser
concretizado o Brexit, mas foi adiado. Na sua edição de
hoje, o Courrier International dedica a sua primeira página com uma sugestiva ilustração alusiva ao naufrágio
do Reino Unido, afirmando ser um país ingovernável e com a sociedade mais
dividida do que nunca.