São conhecidas as dificuldades económicas e a gravíssima crise social que a Grécia atravessa, resultantes de erros acumulados durante anos e da aplicação de receitas de austeridade inadequadas. O país-berço da Democracia tem vivido sufocado, ameaçado e humilhado.
Há cerca de duas semanas, perante a iminência de uma derrocada financeira e a firmeza de Antonis Samaras, os credores recuaram e acordaram num novo pacote de ajuda à Grécia que, no essencial, corresponde a uma redução de juros e a um alargamento do prazo de pagamento. Jean-Claude Juncker e o ajudante Gaspar foram claros ao afirmar que, com as novas condições oferecidas aos gregos, Portugal também iria tirar benefícios e melhorar as suas próprias condições de ajustamento. Os alemães não gostaram e Wolfgang Schäuble veio contrariar essa ideia ao afirmar que “a Grécia é um caso único”, até porque os mercados podiam não gostar... Era a hipocrisia da solidariedade europeia a falar e Juncker e Gaspar meteram a "viola no saco"
Entretanto, têm-se sucedido inúmeras declarações sobre se as autoridades portuguesas deverão ou não pedir as mesmas condições que a Grécia obteve, até porque por cá, tudo ou quase tudo, está pior – a economia, o desemprego, o défice, a dívida e a esperança. A receita aplicada não está a resultar e a desconfiança no futuro é cada vez maior. O passos-gasparismo está cada vez mais isolado. Enganou-nos quando se afirmou preparado para governar. É gente incompetente e, como salientou o amigo Mendes, revela muita frieza tecnocrática. Insensibilidade. Alucinação. Um perigo ideológico. Não ouvem ninguém. Nem Seguro, nem Louçã, nem Cadilhe, nem Cavaco, nem Peneda, nem Portas. “Portugal não é mesmo a Grécia” como hoje destaca o Público, mas para lá caminhamos. Dizem que não somos a Grécia, mas realmente há por aí quem nos queira fazer gregos.