quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Um português no governo do Luxemburgo

O novo governo do Luxemburgo, que ontem tomou posse e é presidido por Xavier Bettel, resulta de uma coligação entre liberais, socialistas e verdes, tendo posto fim a duas décadas de Jean-Claude Juncker como chefe do governo do Grão-ducado. Hoje, o diário luxemburguês Le Quotidien noticia o início da Era Bettel, em contraponto à Era Juncker.
O governo inclui como ministro da Justiça o cidadão Felix Braz, um militante dos Verdes com 47 anos de idade, sendo a primeira vez que um luso-descendente desempenha funções governativas no país que tem cerca de 13% de portugueses na sua população residente, pelo que a presença no governo de um ministro de origem portuguesa é um facto muito normal e, em certa medida, também um “prémio” para uma comunidade muito respeitada. Félix Braz é filho de portugueses naturais de Castro Marim e nasceu em 1966 no Luxemburgo. Em 1994 foi eleito pela primeira vez para a autarquia de Esch-sur-Alzette, tendo assumido o cargo de vereador em 1999. Em 2004, tornou-se o primeiro deputado luso-descendente no Luxemburgo. Depois da cerimónia de tomada de posse realizada no Palácio Grão-Ducal onde jurou “fidelidade ao Grão-Duque, obediência à Constituição e às leis do Estado” fez, significativamente, as suas primeiras declarações à comunicação social em português.
Entretanto, a primeira tarefa que lhe foi cometida enquanto Ministro da Justiça é a responsabilidade pela elaboração de um código de conduta ou código deontológico, que os membros do governo deverão seguir. Talvez o Ministro Félix Braz possa mandar uma cópia dessas regras de conduta para os nossos governantes.

A dieta mediterrânica como património

A dieta mediterrânica foi esta semana classificada pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade, com base numa candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Tavira.  
Desde Novembro de 2010 que a dieta mediterrânica já era considerada Património da Humanidade na Espanha, na Grécia, na Itália e em Marrocos, mas estes países juntaram-se à candidatura transnacional coordenada por Portugal e apoiada por Chipre e pela Croácia para, de forma mais abrangente, renovarem a decisão que foi agora aprovada durante a 8ª sessão do Comité Intergovernamental da UNESCO realizada no Azerbaijão.
A dieta mediterrânica não é uma dieta alimentar específica para perder ou ganhar peso, mas antes um conjunto de hábitos alimentares saudáveis. É um estilo de vida que vai muito para além da confecção dos alimentos, pois tem a ver com práticas produtivas na agricultura e nas pescas, com formas de preparação e consumo dos alimentos, com festividades, tradições orais e expressões artísticas. A dieta mediterrânica valoriza o pão, o vinho, o azeite e todos os produtos agrícolas da época, tendo por base um estilo de vida comum aos povos que habitavam a bacia do Mediterrâneo desde há milénios. Para além daquele tronco comum de produtos e comportamentos, cada país tem as suas especificidades e, no caso português, destacam-se as sopas, as açordas, as caldeiradas, as comidas frias de Verão e, até, as grandes sardinhadas que as Festas dos Santos Populares não dispensam.
No domínio do Património Imaterial da Humanidade a dieta mediterrânica junta-se ao fado, constituindo as duas inscrições portuguesas nesta categoria de bens classificados pela UNESCO.
 

Eles comem tudo, eles comem tudo...

Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) são o maior estaleiro de construção e reparação naval português com actividade desde 1944, ocupam uma área de cerca de 400 mil metros quadrados (quase cem campos de futebol) e, no seu activo, registam a construção de mais de duas centenas de navios de vários tipos. É uma empresa de primeira linha na indústria nacional, mas também é uma empresa emblemática num país tão intimamente ligado ao mar.
Nos últimos anos os ENVC perderam as suas características de excelência como resultado de uma gestão que não foi capaz de se adaptar aos tempos e assegurar novas encomendas e novas escalas de competitividade, nem cumprir contratos, nem garantir prazos, nem controlar custos, enquanto as dificuldades financeiras foram sendo ultrapassadas com a generosidade do Estado. O caso do navio “Atlântida” – encomendado e recusado pela “Atlânticoline” ou pelo Governo Regional dos Açores – é o símbolo mais evidente da grave crise por que passam os ENVC.
Agora, sem que os contribuintes conheçam os contornos do problema nem do negócio, o governo decidiu extinguir os ENVC e adjudicar a subconcessão dos seus terrenos e equipamentos ao Grupo Martifer, que não tem qualquer historial no campo da construção naval. Aparentemente, a solução encontrada resolve um problema que se arrastava há muitos anos e tem o apoio da Comissão Europeia que, uma vez mais, se atreve a contribuir para a destruição do nosso tecido produtivo. Porém, esta solução aparenta ser uma negociata a favor de interesses privados que conduz à destruição da nossa capacidade de construção naval e a uma tragédia social e económica para a região vianense. É tudo demasiado mau e o processo aparenta não ter sido transparente, pelo que o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) já está a acompanhar e a analisar o processo. Esta gente faz o que lhe apetece como se fosse dona do país. A-guiar desta maneira, que mais nos poderá acontecer?