Os Estaleiros
Navais de Viana do Castelo (ENVC) são o maior estaleiro de construção e
reparação naval português com actividade desde 1944, ocupam uma área de cerca
de 400 mil metros quadrados (quase cem campos de futebol) e, no seu activo,
registam a construção de mais de duas centenas de navios de vários tipos. É uma
empresa de primeira linha na indústria nacional, mas também é uma empresa
emblemática num país tão intimamente ligado ao mar.
Nos últimos anos
os ENVC perderam as suas características de excelência como resultado de uma gestão
que não foi capaz de se adaptar aos tempos e assegurar novas encomendas e novas
escalas de competitividade, nem cumprir contratos, nem garantir prazos, nem controlar
custos, enquanto as dificuldades financeiras foram sendo ultrapassadas com a
generosidade do Estado. O caso do navio “Atlântida” – encomendado e recusado
pela “Atlânticoline” ou pelo Governo Regional dos Açores – é o símbolo mais evidente
da grave crise por que passam os ENVC.
Agora, sem que os
contribuintes conheçam os contornos do problema nem do negócio, o governo
decidiu extinguir os ENVC e adjudicar a subconcessão dos seus terrenos e
equipamentos ao Grupo Martifer, que não tem qualquer historial no campo da construção naval. Aparentemente, a solução encontrada resolve um
problema que se arrastava há muitos anos e tem o apoio da Comissão Europeia
que, uma vez mais, se atreve a contribuir para a destruição do nosso tecido
produtivo. Porém, esta solução aparenta ser uma negociata a favor de interesses
privados que conduz à destruição da nossa capacidade de construção naval e a
uma tragédia social e económica para a região vianense. É tudo demasiado mau e
o processo aparenta não ter sido transparente, pelo que o Departamento Central
de Investigação e Acção Penal (DCIAP) já está a acompanhar e a analisar o
processo. Esta gente faz o que lhe apetece como se fosse dona do país. A-guiar desta maneira, que mais nos poderá acontecer?
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