No último quartel
do século XIX e nos primeiros anos do regime republicano, a recolha de fundos
através de subscrições públicas de âmbito nacional foi uma prática muito frequente em
Portugal, para financiar as mais diversas iniciativas. Assim, foi através desse
tipo de subscrições que se adquiriram navios de guerra, se compraram
aeroplanos, se criaram obras de assistência social, se construiram alguns
monumentos e se ergueram muitas estátuas. Habitualmente, eram os grandes
periódicos, como por exemplo O Século,
o Diário de Notícias e O Comércio do Porto, que organizavam e
dinamizavam essas acções de recolha de fundos que se enquadravam no comemorativismo
ou no campo da benemerência e de que resultaram, por exemplo, as estátuas do
Marquês de Pombal e de Camões, em Lisboa, a estátua equestre de D. Pedro IV no
Porto e o Monumento aos Restauradores em Lisboa.
Os tempos são
hoje bem diferentes e esse tipo de subscrições públicas de carácter nacional deixaram
de ter os periódicos como seus dinamizadores, embora existam outros tipos de
iniciativas muito beneméritas, como a recolha de alimentos do Banco Alimentar
contra a Fome ou os peditórios nacionais da Cruz Vermelha Portuguesa e da Liga
Portuguesa contra o Cancro.
Foi nessa linha de
intervenção pública e ao abrigo da lei do mecenato que o Museu Nacional de Arte Antiga iniciou uma campanha de
recolha de fundos para adquirir a “Adoração dos Magos”, considerada a
obra-prima de Domingos Sequeira, pintada em 1828 e que pertence a
colecionadores privados. Em boa hora o Agrupamento de Escolas Domingos Sequeira, de
Leiria, convidou os 2.800 alunos das suas 16 escolas a participar na campanha de
angariação de fundos, ao mesmo tempo que conheciam e davam a conhecer o pintor-patrono
da sua escola. Em boa hora, o jornal Região de Leiria se associou a esta
iniciativa de grande impacto educativo, cívico e cultural, dando-lhe uma
dimensão regional, neste caso exemplar de mobilização da juventude por uma boa
causa.