terça-feira, 20 de maio de 2025

Mudam-se tempos, mudam-se vontades

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, escreveu Luís de Camões num dos seus mais conhecidos sonetos, escrito há mais de 500 anos. Esta ideia de mudança, ocorre-nos quando vemos o que está a acontecer no Reino Unido, no que respeita à sua relação com a União Europeia, pois a mudança dos tempos está a mudar as vontades.
O Reino Unido aderiu em 1973 à Comunidade Económica Europeia (CEE), mas depois de muitas crises e muitas zangas com os poderes europeus, decidiu realizar um referendo em 2016 sobre a sua permanência na União Europeia (EU), a entidade que sucedera à CEE, tendo havido 52% de votos no leave e 48% de votos no remain. Nestas circunstâncias, iniciou-se um demorado processo de divórcio e só no dia 31 de janeiro de 2020 aconteceu formalmente a saída do Reino Unido da União Europeia. Desde então, os primeiros-ministros do Reino Unido foram Boris Johnson, Liz Truss, Rishi Sunak e, desde julho de 2024, o actual primeiro-ministro Keir Starmer.
A actual crise ucraniana e a turbulência causada pela presidência de Donald Trump nos Estados Unidos fez com que, quase nove anos depois de ter votado a saída da EU, o Reino Unido, pela acção de Keir Starmer, e a União Europeia, através de António Costa e Ursula von der Leyen, chegassem a um amplo acordo na área da defesa, na redução das restrições aos exportadores de alimentos, no turismo e em acordos de pesca. Keir Starmer procurou o acesso ao mercado europeu em algumas áreas para alavancar a economia do Reino Unido, procurando não entrar no mercado único para não irritar o eleitorado conservador que sempre defendeu o brexit.
O facto notável, como hoje salienta The Independent, é que o Reino Unido e a União Europeia "mudam a página", isto é, mudaram-se os tempos e estão a mudar-se as vontades, o que está a conduzir a uma maior unidade da Europa, que bem precisa de se unir e ter alguém com autoridade e prestígio para a representar..

Ainda o acidente do veleiro “Cuauhtémoc”

O jornal nova-iorquino Daily News dedicou toda a sua primeira página da edição do dia 19 de maio à “tragedy of tall ship”, mas hoje voltou a destacar o estranho acidente ocorrido no porto de Nova Iorque com o navio-escola mexicano Cuauhtémoc, ilustrando-o com uma fotografia onde se vêem os seus mastros partidos e as velas caidas.
O jornal afirma que as autoridades federais estão a investigar o “ship horror”, pois parece ter acontecido uma “tempestade perfeita” onde terão havido muitos erros humanos, de que resultou a morte de dois cadetes. O veleiro Cuauhtémoc largava do cais com os cadetes alinhados nos mastros a fazer as tradicionais saudações de largada do porto, sendo auxiliado nessa manobra por um velho rebocador, sem que lhe passasse um cabo de reboque e limitando-se a poder empurrá-lo, se fosse necessário. Porém, o rebocador era de pouca potência para aquela manobra e, a bordo, tanto o comandante como o piloto americano, não terão percebido a situação, talvez deslumbrados pelas luzes da Big Apple, ou pelas saudades que ficaram no cais.
A corrente arrastou o navio em direcção à Ponte de Brooklyn, sem que o comandante o detivesse com motores ou com âncoras. Os três mastros de 147 pés, iluminados e cheios de cadetes, embateram no tabuleiro inferior da ponte que está a 135 pés de altura e partiram-se. Houve dois cadetes mortos e duas dezenas de feridos, mas dizem as crónicas que foi uma sorte os mastros não terem caido ao rio com os cadetes. Entretanto. 172 cadetes já regressaram ao México, enquanto dois ainda estão hospitalizados. A viagem de instrução de cadetes ,terminou pois o navio vai ser repareado em Nova Iorque.
O porto de Nova Iorque gosta de receber os tall ships e este acidente suscitou muito interesse por parte da imprensa local.