“Mudam-se
os tempos, mudam-se as vontades”, escreveu Luís de Camões num dos seus mais
conhecidos sonetos, escrito há mais de 500 anos. Esta ideia de mudança,
ocorre-nos quando vemos o que está a acontecer no Reino Unido, no que respeita
à sua relação com a União Europeia, pois a mudança dos tempos está a mudar as
vontades.
O Reino
Unido aderiu em 1973 à Comunidade Económica Europeia (CEE), mas depois de
muitas crises e muitas zangas com os poderes europeus, decidiu realizar um
referendo em 2016 sobre a sua permanência na União Europeia (EU), a entidade
que sucedera à CEE, tendo havido 52% de votos no leave e 48% de votos no remain.
Nestas circunstâncias, iniciou-se um demorado processo de divórcio e só no dia
31 de janeiro de 2020 aconteceu formalmente a saída do Reino Unido da União
Europeia. Desde então, os primeiros-ministros do Reino Unido foram Boris
Johnson, Liz Truss, Rishi Sunak e, desde julho de 2024, o actual
primeiro-ministro Keir Starmer.
A actual
crise ucraniana e a turbulência causada pela presidência de Donald Trump nos
Estados Unidos fez com que, quase nove anos depois de ter votado a saída da EU,
o Reino Unido, pela acção de Keir Starmer, e a União Europeia, através de
António Costa e Ursula von der Leyen, chegassem a um amplo acordo na área da
defesa, na redução das restrições aos exportadores de alimentos, no turismo e em
acordos de pesca. Keir Starmer procurou o acesso ao mercado europeu em algumas
áreas para alavancar a economia do Reino Unido, procurando não entrar no
mercado único para não irritar o eleitorado conservador que sempre defendeu o brexit.
O facto
notável, como hoje salienta The Independent, é que o Reino Unido e a União Europeia "mudam a página", isto é, mudaram-se os tempos e estão a mudar-se as vontades,
o que está a conduzir a uma maior unidade da Europa, que bem precisa de se unir e ter alguém com autoridade e prestígio para a representar..
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