O presidente Joe
Biden recebeu na base naval americana de San Diego os primeiros-ministros da
Austrália e do Reino Unido a propósito de um negócio de submarinos, mas também
de um projecto comum que visa o fortalecimento da influência americana e dos seus
aliados na região da Ásia-Pacífico, mas que também é um desafio, ou uma
provocação, para a China. Este projecto que já é conhecido pelo seu acrónimo
AUKUS, uma associação das palavras Austrália + Reino Unido + Estados Unidos,
tem como desígnio a contenção da expansão militar chinesa na região, numa
altura em que está em curso a construção de uma frota naval chinesa muito
moderna e a conversão de ilhas artificiais em bases no alto mar.
As autoridades
chinesas pediram que aqueles países abandonassem a mentalidade da Guerra Fria,
uma vez que este projecto ameaça ser um ponto de partida para uma corrida
armamentista e constitui um atraso nos esforços de não proliferação nuclear,
mas Joe Biden afirmou que os Estados Unidos “salvaguardarão a estabilidade na região
Ásia-Pacífico e que esta aliança fortalecerá as expectativas de paz nas
próximas décadas”.
No mesmo
encontro, o primeiro-ministro australiano Anthony Albanese anunciou como
elemento central do AUKUS, a compra pela Austrália de três submarinos de propulsão
nuclear e o fabrico de uma quarta unidade com tecnologia americana e britânica.
A primeira unidade será entregue em 2030 e o primeiro-ministro australiano
afirmou que o plano se prolongará por vários anos e que custará 368 mil milhões
de dólares australianos, correspondentes a cerca de 240 mil milhões de dólares
americanos, isto é, um valor semelhante ao PIB anual de Portugal!
Os críticos australianos do AUKUS têm lembrado a política de ziguezague que a Austrália tem adoptado,
pois assinou acordos com o Japão, depois com a França e, agora, com os Estados
Unidos e o Reino Unido, enquanto ex-primeiro-ministro Paul Keating já afirmou que o AUKUS é "o pior negócio de toda a história", que "é uma afronta" e que "a Austrália voltou a ceder ao seu passado colonial". A imprensa
australiana deu grande destaque a este acontecimento, sobretudo o Northern
Territories News ou NT News, que se publica em Darwin, que
avança o valor do investimento previsto, mas que também ilustra a sua edição
com a fotografia de um submarino da classe Virginia,
semelhante aos que a Marinha australiana começará a receber depois de 2030.