Ao anunciar o
reconhecimento de Jerusalém como capital do Estado de Israel e a transferência
da embaixada americana de Telavive para a cidade santa, o presidente Donald Trump
criou uma perturbadora situação no Médio Oriente, que a ilustração da capa da
última edição do Courrier International bem expressa.
Como aqui escrevemos
no passado dia 23 de Dezembro, o Donald lançou gasolina para a fogueira e até o
Papa Francisco, na sua mensagem de Natal, veio apelar à paz para Jerusalém e
para toda a Terra Santa, lembrando a necessidade de respeitar o actual estatuto
da cidade que é reconhecido pelas Nações Unidas e que estabelece que Jerusalém
“pertence” a dois estados e a três religiões.
Na votação do dia
21 de Dezembro da Assembleia Geral das Nações Unidas que analisou a decisão
americana é interessante analisar quem votou a favor (9 votos), quem votou
contra (128 votos), quem se absteve (35 países) e até quem não compareceu à
votação (21 países).
No que respeita
aos actuais 28 membros da União Europeia que, supostamente deveriam ter uma
posição comum a ser expressa por Federica Mogherini, a Alta Representante da UE
para a Política Externa e Segurança, reinou a desunião. Se essa desunião é
normal acontecer nas questões económicas e sociais em que o interesse nacional
se sobrepõe muitas vezes ao interesse comunitário, pode compreender-se, mas nas
questões de política internacional em que “a união faz a força”, o que se
passou é muito preocupante. Na votação realizada em Nova Iorque houve um país que
faltou à votação (Lituânia), houve 21 países que votaram contra a decisão
americana e verificaram-se 6 abstenções (Croácia, Hungria, Letónia, Polónia,
República Checa e Roménia). Estas abstenções revelam uma evidente falta de
unidade no seio da União Europeia e até parecem ressuscitar o velho conceito da
“cortina de ferro”, mostrando alinhamentos ou desejos de alinhamentos que só
servem para diminuir o peso político da União Europeia de que quiseram fazer
parte. Por isso, era desejável que o Conselho Europeu procurasse clarificar rapidamente
estas posições.