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O Brasil não pára de nos surpreender com
escândalos políticos, como revela a generalidade da imprensa brasileira. Depois de ter sido afastada a Presidente Dilma Rousseff,
apenas por suspeitas de ter manipulado as contas do
Orçamento de 2014 e não por estar acusada de qualquer crime, era de esperar
um governo de gente séria e sem mancha de pecado.
Porém, apenas onze dias
depois da tomada de posse do governo de Michel Temer, assistimos à demissão de
Romero Jucá, o importante ministro do Planeamento, depois da divulgação de
gravações em que surge a conspirar para obstruir a maior
investigação de corrupção da história do Brasil, o Lava Jato, que investiga
crimes de desvio e lavagem de dinheiro através da petrolífera estatal
Petrobras, por dezenas de empresários e políticos de todos os partidos com
assento parlamentar. Tal como Michel Temer, também Romero Jucá faz
parte do PMDB, tendo ambos sido dos principais activistas do processo de
destituição de Dilma Rousseff, mas começa a ficar mais claro que o seu
afastamento da Presidência do Brasil não resultou da eventual manipulação
orçamental que é coisa bem comum por toda a parte – antecipar receitas, adiar
despesas, alterar classificações de rubricas. Parece cada vez mais evidente que
a destituição de Dilma Rousseff pretendia impedir o avanço da investigação de
corrupção em que muitos políticos brasileiros estão implicados, a começar
naturalmente por aqueles que tomaram o poder. Os brasileiros saberão resolver o
seu problema, mas nestes casos costuma ir-se para a solução mais democrática de
todas: dar a palavra ao povo e fazer eleições.