O semanário Sunday
Times que, desde há mais de cem anos se publica ao domingo na cidade de
Joanesburgo, destaca na sua edição de hoje a missão que o presidente
sul-africano Cyril Ramaphosa e os líderes do Senegal, Comores,
Zâmbia, Egipto, República do Congo e Uganda levaram a cabo em Kiev e São
Petersburgo, em busca da paz na Ucrânia.
Aqueles dirigentes africanos encontraram-se com
Volodymyr Zelensky e com Vladimir Putin e assentaram a sua argumentação para
acabar com a guerra no princípio de que “todas as guerras devem ser resolvidas
e terminadas em algum momento e estamos aqui para informar que gostaríamos que
esta guerra terminasse”. Estes sete dirigentes apresentaram e discutiram um
plano de dez pontos a que chamaram iniciativa de paz africana que,
aparentemente, foi recusado, embora Ramaphosa tivesse insistido com clareza que
“this war must end”, porque os países africanos e o mundo estão a ser muito
afectados pela guerra. Esse foi o título escolhido pelo semanário sul-africano
para noticiar a iniciativa de Ramaphosa.
Desta deslocação
a Kiev e São Petersburgo não resultou nenhum acordo para acabar com a guerra e
as partes insistiram nos seus habituais argumentos, embora o presidente
Ramaphosa tivesse mostrado sinais de algum optimismo, porque da semente lançada
é de esperar que nasça qualquer coisa. No entanto, os combates estão muito
intensos e as posições estão tão radicalizadas que só a proximidade das
eleições presidenciais americanas de 2024, ou acontecimentos políticos
importantes como a actual visita de Antony Blinken à China, parecem capazes de
levar ucranianos e russos a sentar-se à mesa de negociações como deseja a iniciativa de paz africana, o secretário-geral das Nações Unidas, o Papa Francisco e muito mais gente. Há que confiar que a força da diplomacia supere a força das armas.