O 25 de Abril de
1974 foi um acontecimento histórico que devolveu a Liberdade e a Democracia aos
portugueses, depois de 48 anos de Ditadura, mas sua importância foi universal,
como mostra a edição nº 517, de Março de 2024, da revista francesa L’Histoire,
que agora surgiu à venda em Portugal e que no seu Dossier Portugal 1974, inclui
uma alargada reportagem intitulada “Portugal: la Révolution des Œillets”.
Cinquenta
anos depois do “jour initial, entier et pur”, segundo as palavras de Sophia de
Mello Breyner, o 25 de Abril é evocado em França como uma data histórica e
libertadora. São 27 páginas muito ilustradas, com fotos e infografias, que são
assinadas por diferentes especialistas franceses, entre os quais Yves Léonard
que, no seu extenso texto escreveu que “com o 25 de Abril se abriu uma porta
para a democracia, que depois foi fonte de inspiração para a Grécia, para a
Espanha e para a América Latina”. Sobre a guerra colonial que foi determinante
na iniciativa libertadora e num tempo a que chamou “le printemps des
capitaines”, o mesmo autor mostra possuir boa informação e escreveu que se fala
mesmo de um “Vietnam português na Guiné-Bissau” em que “os três G” – os três
quartéis de Guidage, Guileje e Gadamael, cercados pelas forças da guerillha
independentista do PAIGC – eram, em Maio de 1973, “sinónimo de corredor da
morte para as tropas portuguesas”. O texto de Yves Léonard recorda o efeito dos
ideais libertadores portugueses na Europa e lembra o que cantava Georges
Moustaki em 1974: “Dis-leur qu’un oeillet rouge a fleuri au Portugal”.
O Dossier
Portugal 1974 inclui outros textos de muito interesse, nomeadamente “La
révolution vue de France”, onde se afirma que o 25 de Abril foi também “une
affaire française”, porque havia quase um milhão de emigrantes portugueses em
França, muitos dos quais tinham deixado o país clandestinamente para fugir à
pobreza, à guerra e à ditadura de Salazar.
Em síntese, é uma belíssima edição de homenagem ao 25 de Abril e a Portugal.
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