Aqui há uns meses,
pela boca de Maria Luís Albuquerque e de Paulo Núncio, o governo anunciou que
iria devolver em 2016 uma parte do valor pago pelos contribuintes com a
sobretaxa de 3,5% sobre o IRS. Apareceram inúmeros simuladores para que os
contribuintes soubessem quanto iriam receber e até o Portal das Finanças
instalou um simulador para o efeito. Os habituais comentadores que se sabujam
ao governo trataram de dizer que “eram boas notícias para os bolsos dos
portugueses”. Era o sucesso do governo. Era mais uma prova da eficiência financeira e do rigor orçamental da rapaziada.
Depois, a ideia foi muitas vezes
repetida e enquadrada num discurso sobre a recuperação e o crescimento
económico, sobre a descida do desemprego, sobre a antecipação do pagamento das
dívidas e sobre a teoria albuquerquiana dos cofres cheios. Entrou-se em campanha eleitoral e os truques
aumentaram, com aquela e com outras mentiras a serem propagadas aos quatro ventos
pelas habituais vozes da indignidade e da ausência de pudor. De entre as roupagens
mentirosas que foram usadas, muito semelhantes às que tinham sido vestidas em 2011 por Passos
Coelho, esta terá sido uma das mais descaradas, porque se prometeu o que se
sabia não ser possível, apenas para enganar os eleitores. Agora a execução orçamental aponta para a não devolução da sobretaxa como
tinha sido prometido, com o argumento de que a previsão das receitas ao longo
do ano é muito variável. Então o par Albuquerque & Núncio não sabia disso?
Claro que sabiam, mas preferiram ser desonestos para com os portugueses. É realmente um vale tudo para ganhar eleições...
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