Ao presidente dos
Estados Unidos pode aplicar-se, com grande a propósito, o provérbio português
“grande nau, grande tormenta”, porque são enormes os problemas internos e externos do
complexo militar-industrial americano ou da mais poderosa nação do mundo. Nos últimos tempos, os Estados Unidos têm sido confrontados com a
guerra no centro da Europa, com o constante interesse chinês pelo controlo do
mar da China, com a perda da sua tradicional hegemonia na América Latina e,
obviamente, com o problema do Médio Oriente.
O Médio Oriente é
uma área muito sensível devido à conflitualidade israelo-árabe e às tensões que
foram reveladas na guerra da Síria, sobretudo entre o Irão e a Arábia Saudita,
pelo que os Estados Unidos tiveram necessidade de restabelecer ou reforçar as
suas alianças, num tempo de agravamento dos preços do petróleo e de eventual
crescimento da hostilidade iraniana. Daí a primeira visita do presidente Joe
Biden a Israel, aos territórios palestinianos e à Arábia Saudita, que é um
grande produtor de petróleo, o maior comprador de armamento aos Estados Unidos
e o exemplo universal de desrespeito pelos direitos humanos. Porém, Joe Biden
tinha acusado a Arábia Saudita do assassínio de um jornalista dissidente
saudita e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman de ser um pária e o mandante
desse assassínio, o que fez arrefecer as relações entre os dois países. O
aumento dos preços do petróleo convenceu Joe Biden, que se esqueceu de tudo o
que disse antes e que, apenas quatro semanas antes da visita, tinha afirmado que não
se encontraria com o príncipe herdeiro saudita.
Hoje, a edição do The
Wall Street Journal e outros jornais americanos, publicam a fotografia
de Joe Biden a cumprimentar Mohammed bin Salman. Assim vai a política
internacional! Há quem chame a isto a realpolitik, mas parece que tudo isto acontece devido à mediocridade de muitos
líderes mundiais.
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