O falecimento aos
81 anos de idade do antigo presidente Jorge Sampaio, na sequência de
dificuldades respiratórias, foi um acontecimento doloroso para muitos
portugueses que nele reconheciam um homem culto, íntegro, corajoso, democrata e
solidário. O governo tomou a iniciativa de decretar três dias de luto nacional
e de realizar cerimónias fúnebres com honras de Estado, tendo sido preparada
uma expressiva cerimónia no Mosteiro dos Jerónimos.
Essa cerimónia
aconteceu depois do velório que decorreu no antigo picadeiro real anexo ao
Palácio de Belém e foi transmitida em directo pelas televisões. Enquanto no
exterior a passagem da urna foi aplaudida pela população que se aglomerara ao
longo do percurso, nos claustros do mosteiro encontravam-se cerca de trezentas
pessoas para assistir à cerimónia, incluindo as mais altas figuras do Estado, a
família de Jorge Sampaio e algumas delegações estrangeiras, incluindo o Rei de Espanha. Durante
a cerimónia, a urna de Jorge Sampaio teve uma guarda de honra constituída por
cadetes das Forças Armadas, tendo havido a intervenção da Orquestra Sinfónica
Portuguesa e do Coro do Teatro Nacional de São Carlos. Num ecrã gigante foi
passado um excerto do discurso da sua tomada de posse como Presidente da
República em 9 de Março de 1996 e a sua histórica intervenção na CNN sobre a
situação em Timor-Leste, em Dezembro do mesmo ano, para além de várias
mensagens vindas de Timor. Depois, os filhos de Jorge Sampaio leram um belo
discurso em memória de seu pai, seguindo-se a leitura por Maria do Céu Guerra
do poema de Jorge de Sena – “Uma pequenina luz”. Falaram depois as
mais altas figuras do Estado e, com emoção, elogiaram o legado de cidadania de Jorge
Sampaio, uma figura maior da Democracia em Portugal.
O cortejo fúnebre seguiu
depois para o Cemitério do Alto de São João.
Os mass media tudo registaram para memória
futura, mas a cerimónia que decorreu nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos
foi emocionante e justa, como Jorge Sampaio bem mereceu. O Diário de Notícias dedicou uma fotografia de primeira página à "despedida dos Jerónimos".
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