Depois de mais de
três anos de guerra, está previsto para hoje em Istambul, um encontro directo
entre russos e ucranianos, o que é uma boa notícia para aqueles que defendem
uma solução pacífica e negociada para um conflito que muito tem sacrificado o povo
ucraniano, a principal vítima da cegueira política de muitos dirigentes daquela
região e do mundo. O tema é melindroso – rivalidades históricas, provocações,
feridas de guerra, cessar-fogo, paz – mas as duas partes conhecem-se bem e
podem ir directamente ao assunto.
Havia a expectativa de Vladimir Putin e
Volodymyr Zelensky se encontrarem frente-a-frente, mas nas últimas horas foi
anunciado que Putin não iria falar com Zelensky e o “rendez-vous d’Istambul”,
que hoje era anunciado pelo jornal francês La Dépêche du Midi, não se irá
realizar, o que até pode facilitar o arranque do processo.
Tanto Donald
Trump como Recep Tayyip Erdogan investiram muito neste encontro e estarão
atentos ao que se vai passar, porque “é inútil prolongar a matança”, enquanto
os líderes europeus estarão mais uma vez a fazer um papel de actores
secundários neste drama. O verdadeiro objectivo de todos estes líderes não é a
protecção do povo ucraniano, mas tão só a satisfação dos seus interesses
nacionais, ou mesmo pessoais, como se vê com a ultrapassagem que Donald Trump
fez aos europeus que, nesta matéria, têm sido incompetentes e pouco
inteligentes, como têm mostrado Boris Johnson, Jens Stoltemberg, Ursula von der Leyen, ou essa nova estrela do belicismo que é o luterano Mark Rutte.
No encontro de
hoje em Istambul não surgirão quaisquer conclusões, mas é um importante primeiro
encontro das duas partes para, passo a passo e cara a cara, caminharem para o
entendimento, a pacificação e a reconciliação.
Um dia, libertado da propaganda e na posse da verdade histórica, o sacrificado
povo ucraniano saberá quem o empurrou para a tragédia que está a viver.
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