Nos últimos dias,
após a tomada de posse da nova Procuradora-Geral da República, o juiz Alexandre
tem-se desdobrado a dar entrevistas à RTP
e ao jornal i, que depois têm sido
amplificadas em outros orgãos da comunicação social.
Não é habitual que
os juízes portugueses se deixem envolver na tabloidização das suas funções, que
são muito importantes numa sociedade democrática e num Estado de Direito, mas
este juiz que veio de Mação, parece ser a excepção à regra. Gosta de ser
entrevistado, de revelar a sua vida pessoal, de exibir as suas raízes
identitárias e de dar palpites sobre os processos em que está envolvido. Para satisfação
desse seu apetite, há sempre uns amigos para abonarem as suas boas qualidades e
uns estagiários disponíveis para fazer o papel de entrevistadores.
E o que se passou
nos últimos dias nem aconteceu pela primeira vez e isso é preocupante para os
cidadãos que confiam na Justiça.
O comportamento
de quem julga deve ser reservado, discreto, atento e imparcial, para que possa
comprender o problema em questão e o seu enquadramento social, de forma a tomar
a decisão justa de acordo com a Lei. Com estas entrevistas ao estilo tablóide,
o juiz Alexandre revela demasiados pré-conceitos e muitos preconceitos. Com
este tipo de exposição mediática, comparável aos futebolistas, às artistas de
telenovela ou a algumas locutoras da televisão, o juiz Alexandre dá um enorme
contributo para a describilização da Justiça.
É uma tristeza
assistir a estas entrevistas promocionais, feitas de encomenda e sem qualquer
interesse jornalístico, em que os entrevistados nada de substantivo dizem e se mostram deslumbrados por aparecer nos
tablóides, com fotografia e tudo.
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