quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Há juízes que vivem para os tablóides

Nos últimos dias, após a tomada de posse da nova Procuradora-Geral da República, o juiz Alexandre tem-se desdobrado a dar entrevistas à RTP e ao jornal i, que depois têm sido amplificadas em outros orgãos da comunicação social.
Não é habitual que os juízes portugueses se deixem envolver na tabloidização das suas funções, que são muito importantes numa sociedade democrática e num Estado de Direito, mas este juiz que veio de Mação, parece ser a excepção à regra. Gosta de ser entrevistado, de revelar a sua vida pessoal, de exibir as suas raízes identitárias e de dar palpites sobre os processos em que está envolvido. Para satisfação desse seu apetite, há sempre uns amigos para abonarem as suas boas qualidades e uns estagiários disponíveis para fazer o papel de entrevistadores.
E o que se passou nos últimos dias nem aconteceu pela primeira vez e isso é preocupante para os cidadãos que confiam na Justiça.
O comportamento de quem julga deve ser reservado, discreto, atento e imparcial, para que possa comprender o problema em questão e o seu enquadramento social, de forma a tomar a decisão justa de acordo com a Lei. Com estas entrevistas ao estilo tablóide, o juiz Alexandre revela demasiados pré-conceitos e muitos preconceitos. Com este tipo de exposição mediática, comparável aos futebolistas, às artistas de telenovela ou a algumas locutoras da televisão, o juiz Alexandre dá um enorme contributo para a describilização da Justiça.
É uma tristeza assistir a estas entrevistas promocionais, feitas de encomenda e sem qualquer interesse jornalístico, em que os entrevistados nada de substantivo dizem e se mostram deslumbrados por aparecer nos tablóides, com fotografia e tudo.

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