quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Mesmo na guerra, não pode valer tudo

No passado dia 7 de Outubro os radicais islâmicos do Hamas decidiram atacar Israel a partir da Faixa de Gaza e fizeram-no de uma forma cruel, bárbara e selvagem, provocando muitas mortes e a captura de mais de duzentos reféns. O mundo ficou horrorizado com as atrocidades cometidas e muitas vozes anunciaram o óbvio, isto é, que Israel tinha o direito de se defender.
Desde então já se passaram 25 dias, em que as Israel Defence Forces (IDF) sob o comando de Benjamin Netanyahu, o líder do radical partido Likud, têm punido severamente a Faixa de Gaza sem distinguir o Hamas do povo palestiniano, o que configura uma situação de grave violação das leis da guerra, que é simétrica e tão condenável como o radicalismo do Hamas. Netanyahu tem rejeitado todos os apelos internacionais e das Nações Unidas para um cessar-fogo e tem respondido que “this is time for war”. Ele quer vingança, quer alargar o território de Israel e quer expulsar os palestinianos da sua terra, continuando a ignorar a Resolução 181 de 29 de Novembro de 1947 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que determinava a criação de um estado judeu e de um estado árabe no território da Palestina, até então sob mandato britânico. A acção de Netanyahu e das IDF começa a enquadrar-se na prática de genocídio. 
Na sua edição de hoje o jornal The Washington Post noticia com destaque de primeira página que “strikes devastate Gaza refugee camp”. Trata-se do campo de refugiados de Jabaliya, criado em 1948 no norte de Gaza para abrigar parte dos 700.000 palestinianos que os israelitas tinham expulsado das suas terras da Palestina, antes e durante a guerra israelo-árabe de 1948. Actualmente este campo de refugiados terá cerca de 100.000 pessoas e no dia 9 de Outubro já tinha sido alvo de um ataque aéreo que matou 50 pessoas. Ontem o campo de Jabaliya voltou a ser atacado pela aviação israelita, que assumiu a responsabilidade por esse ataque, alegando que visava a eliminação de um alto comandante do Hamas. Segundo a imprensa internacional o ataque matou e feriu centenas de pessoas, mas o resultado ainda está por apurar. António Guterres ficou chocado com o bombardeamento de um campo de refugiados e com esta catástrofe humanitária. Nós também.
Mesmo na guerra, não pode valer tudo.

2 comentários:

  1. Numa situação em que a esmagadora maioria das pessoas concorda em que não vale tudo, uma pequeníssima minoria continua a praticar o vale tudo, sem que ninguém a tenha conseguido impedir até agora, ou pelo menos tentado seriamente. Porquê? Até quando?

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  2. É a barbárie troglodita em pleno século XXI .

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