sábado, 20 de dezembro de 2025

Conversar é preciso, morrer não é preciso

Na sua edição de hoje o jornal The Irish Times, que se publica em Dublin e é considerado o mais influente diário irlandês, insere na sua primeira página um interessante texto de opinião assinado pelo jornalista Jack Power, o correspondente do jornal em Bruxelas. Nesse texto intitulado “Europe may seek direct talks with Russia”. Power escreveu que “os líderes europeus estão a considerar a reabertura de uma linha directa de diálogo com a Rússia, acabando com o efectivo silêncio diplomático de quatro anos, numa tentativa de evitar a sua marginalização nas negociações para acabar com a guerra na Ucrânia”. A ser assim, finalmente, ficaria aberta uma porta que nunca deveria ter sido fechada pela cegueira política de alguns dirigentes europeus míopes e incultos, como Boris Johnson, Ursula von der Leyen e Mark Rutte que, cada um deles à sua maneira, convenceram Zelensky que podia ganhar a guerra e que teria ajuda “o tempo que for preciso”.
Actualmente, as propagandas não nos permitem conhecer a realidade no terreno, nem o andamento das negociações entre Trump e Putin, nem o envolvimento de Zelensky, mas parece evidente que os líderes europeus deixaram de ser ouvidos e respeitados. Apesar disso, na recente cimeira de Bruxelas conseguiram disfarçar as suas diferenças de opinião e concordar com um empréstimo de 90 mil milhões de euros para apoiar a guerra da Ucrânia contra a Rússia, no qual não participarão a Hungria, a Eslováquia e a Chéquia. Uma vez que nem a União Europeia nem os seus estados-membros têm esse volume de capital disponível, a Comissão Europeia irá endividar-se nos mercados financeiros e emitirá obrigações de curto e longo prazo. Ninguém sabe se é possível ou não angariar esse volume de capital, nem quem o vai pagar porque, disse António Costa, “a Ucrânia apenas vai pagar este empréstimo quando a Rússia pagar as reparações de guerra”. Foi uma fuga para a frente...
O melhor é mesmo seguir o conselho de Jack Power e do jornal The Irish Times, ou seja, é preciso conversar porque morrer não é preciso!

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