A proclamação de
Juan Guaidó, o jovem presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, que ontem enfrentou
Nicolás Maduro e se declarou como presidente interino da República Bolivariana da Venezuela
foi uma atitude apoiada sem reservas por diversas instâncias políticas
internacionais, a começar pelos vizinhos Brasil e Colômbia, pelos Estados
Unidos e por outros países. A imprensa internacional também tem alinhado na
condenação do regime de Maduro e tem transmitido a ideia de que já está
derrotado e, de facto, as enormes manifestações populares nas ruas das cidades venezuelanas acabarão por afastar
Maduro do poder, embora o regime tenha aliados de peso internos e
externos, como Cuba, a Rússia, a China e a Turquia. Portanto, se houve quem
pressionasse Guaidó para avançar, também haverá quem pressione Maduro para não
recuar. Assim, há dois presidentes na Venezuela!
É uma situação muito complexa para os venezuelanos, a juntar à crise económica e social, enquanto algumas ingerências
externas, como as posições de Trump e Bolsonaro, se estão a revelar prematuras e só servem para extremar as posições. O
anúncio de que os polícias se estão a juntar aos manifestantes, a ser
verdadeira, desequilibra a situação nas ruas a favor de Guaidó e das forças
democráticas, mas a dúvida ainda subsiste: como irão reagir as Forças Armadas?
Será da sua reacção, unidas ou divididas, a favor ou contra Maduro, que a Venezuela
sairá desta situação, embora desejavelmente se devam manter coesas e possam vir
a arbitrar o conflito político e a pacificar o país.
Mais sensata
parece ser a posição da União Europeia e das Nações Unidas que pedem contenção
e diálogo, bem como a realização de eleições livres e justas, até porque sabem
que há duas venezuelas radicalizadas que é preciso acalmar e unir, para evitar
que se confrontem para além da normal luta política, porque isso seria trágico. O que não há dúvidas é que Maduro está de saída e que o ciclo do chavismo está a chegar ao fim.
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