Nos últimos
tempos o espaço mediático português tem sido dominado pelas notícias relativas
ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), com manchetes sensacionalistas em que é
destacado o encerramento de serviços de urgência hospitalares de várias
especialidades.
O SNS foi criado em 1979 na sequência de um preceito
constitucional aprovado em 1976, que garantia o
direito à proteção da saúde, a prestação de cuidados globais de saúde e o acesso a todos os cidadãos,
independentemente da sua condição económica e social. O SNS tem sido referido
como um dos maiores sucessos da Democracia portuguesa e há quem o considere um
dos melhores da Europa, mas é uma grande nau que navega por águas nem sempre
mansas, apesar de nunca ter tido tantos profissionais nem tantos recursos como
tem actualmente. Porém, as coisas não correm bem nos hospitais públicos e
vários serviços de urgência têm estado encerrados, o que significa que não há
um regular funcionamento destas instituições democráticas, enquanto os
hospitais privados engordam.
Desde
há muito tempo que é sabido que o SNS precisa de reformas, porque tanto os
profissionais como os utentes mudaram muito nos últimos anos. Todo o mundo é
composto de mudança e, enquanto utentes, “vemos, ouvimos e lemos” e não podemos
ignorar, como se acentuam as diferenças entre os serviços hospitalares públicos
e privados. O
SNS está debilitado devido à péssima gestão hospitalar, à enorme promiscuidade
entre o serviço público e o privado, à baixa produtividade de alguns hospitais
e serviços, à concorrência dos hospitais privados, ao absentismo de algumas
classes profissionais da área da saúde e aos incontornáveis interesses
corporativos envolvidos.
Nada
disto é novo, mas tudo isto tem demorado muito tempo a ser corrigido, sem se
saber exactamente porquê. Tal como na Justiça, na Educação e noutras funções
sociais, é necessário reformar e adaptar aos novos tempos, mas os sucessivos
governos e os grandes partidos preferem fazer como a avestruz e esconder a
cabeça na areia.
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