segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Carlos Tavares e o abandono da Stellantis

Desde que se consolidou o regime democrático em Portugal e o nosso país deixou de estar isolado e “orgulhosamente só”, os portugueses deixaram de ter o estigma do emigrante pobre que procurava no estrangeiro aquilo que a sua terra não lhe proporcionava e passaram a “competir” internacionalmente em várias actividades, atingindo níveis nunca dantes alcançados. Os portugueses passaram a mostrar que eram tão capazes como os outros e a ser reconhecidos. Podem citar-se José Saramago e Cristiano Ronaldo, Paula Rego e Álvaro Siza Vieira e, sobretudo, aqueles que ocupam posições de grande notoriedade mundial como António Guterres e António Costa, embora outros nomes pudessem ser mencionados.
Hoje, vários jornais franceses e italianos, entre os quais o Vosges matin, um diário regional que se publica na cidade de Épinal, situada no nordeste da França, destacam o gestor português Carlos Tavares por se ter demitido do cargo de administrador executivo da Stellantis, um gigantesco grupo multinacional do sector automóvel que, entre outras, possui as marcas Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel. Peugeot e Vauxhall. É uma grande nau e por isso susceptível de grande tormenta.
Acontece que o sector automóvel europeu está em crise considerada grave. Essa crise chegou à Stellantis que baixou as suas vendas em 8,6%, o que se revelou catastrófico num grupo que oferece 12,9 milhões de postos de trabalho e é responsável por mais de 7% do produto interno bruto da União Europeia. Carlos Tavares não resistiu e demitiu-se. Era, provavelmente, o mais importante gestor português, muito reconhecido no sector automóvel europeu. 
Pode ser que agora regresse a este jardim à beira-mar plantado e que nos ajude a sair da cepa torta.

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