No dia 19 de Março, aviões franceses e ingleses iniciaram operações de bombardeamento sobre diversas cidades líbias, a fim de destruir blindados e diversas instalações antiaéreas e de comunicações, enquanto navios americanos e britânicos dispararam 124 mísseis de cruzeiro Tomahawk contra alvos militares do regime líbio. Estas acções resultam da aplicação de uma Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que autoriza o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea no leste da Líbia, destinada a assegurar a protecção das populações civis dos ataques das forças do regime do coronel Kadhafi. Porém, a acção militar não se tem destinado apenas a impedir que a aviação líbia se movimente porque, de facto, tem obrigado as forças de Kadhafi a recuar no terreno, sobretudo na área de Benghazi, a segunda maior cidade do país.
Esta acção militar não tem apoios unânimes. A Alemanha não a apoia, a Rússia e a China já se demarcaram dela e a Liga Árabe considera que o que está a acontecer é um ataque maciço e desproporcionado, que ultrapassa o espírito da Resolução da ONU.
Os Estados Unidos e os seus aliados reagem à arrogância, à tirania e às ameaças do regime de Kadhafi, com quem até há pouco conviviam com alguma intimidade, mas a acção militar dos falcões pode ser um tiro no escuro. De facto, este tipo de acções acontece onde há tiranos e petróleo, mas não acontece onde há tiranos sem petróleo. Depois das lições do Iraque e do Afeganistão, será que temos um novo imbróglio, agora aqui bem perto? E o que se passará com os interesses portugueses na Líbia, designadamente com as empresas de construção e os investimentos do BES e da Cabelte?
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