Os grafitti tiveram grande
difusão no espaço público português nos tempos que se seguiram ao 25 de Abril de
1974 e foram uma das suas marcas populares mais interessantes do ponto de vista
artístico. Embora inicialmente os grafitti
resultassem de alguma espontaneidade e até de uma atitude de contravenção, rapidamente
se tornaram numa linguagem artística mais apurada e mais protegida, passando a
ser considerados como formas de intervenção nos domínios daquilo a que
modernamente se chama a arte urbana ou street
art.
A propósito das comemorações do 40º aniversário do 25 de Abril e por
iniciativa da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade
Nova de Lisboa (FCSH), nos últimos dias foi desenhado, na sua parede exterior da Avenida de Berna em Lisboa, um mural com 15 metros de comprimento alusivo àquela
data, cuja peça central é o retrato de Salgueiro Maia – o jovem capitão que comandou a
coluna militar que de Santarém veio até Lisboa para depor o governo de Marcelo
Caetano. O mural utiliza as cores da bandeira portuguesa a destacarem-se no
fundo negro e alguns ícones do 25 de Abril como os cravos, as G3 dos soldados e
as manifestações populares.
O convite da FCSH foi feito à Galeria Underdogs e o
mural foi concebido e pintado por quatro jovens grafitters – Frederico Draw, Gonçalo Ribeiro, Diogo Machado e Miguel
Januário. Foi uma bela ideia que nos transporta ao imaginário cultural de um
tempo de libertação e de esperança que os mais velhos viveram e que alerta a
geração mais jovem, que não viveu o 25 de Abril, para os seus ideais e os seus valores que alguns teimam em querer apagar da nossa História. Quem passar pela Avenida de Berna não vai ficar indiferente
a este mural que é uma bela homenagem ao 25 de Abril.
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