sexta-feira, 16 de junho de 2023

A paz chegou finalmente a Moçambique

A República Popular de Moçambique tornou-se independente depois de uma guerra de libertação nacional iniciada em 1964 e que se prolongou até ao dia 7 de Setembro de 1974, quando o Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) assinaram os Acordos de Lusaka. Nesses acordos, o Estado Português reconheceu o direito à independência do povo moçambicano, tendo sido estabelecidos os passos relativos à transferência da soberania, que foi solenemente proclamada no dia 25 de Junho de 1975. 
A Frelimo, que tinha conduzido a luta armada contra a administração colonial portuguesa, assumiu todos os poderes soberanos, mas em 1977 surgiu a contestação da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), um grupo político que contestava o poder absoluto da Frelimo. A contestação deu origem ao confronto que se generalizou e se transformou na guerra civil moçambicana, ou guerra dos Dezasseis Anos, na qual se envolveram vários países vizinhos e na qual se estima terem morrido cerca de um milhão de pessoas, devido a causas directas e indirectas da guerra. O conflito foi muito violento e apenas terminou em 1992 com a assinatura de um Acordo Geral de Paz, assinado por Joaquim Chissano, presidente da República Popular de Moçambique, e por Afonso Dhlakama, o então presidente da Renamo. Em 1994 realizaram-se eleições gerais multipartidárias, mas os enormes problemas que o país atravessava, incluindo a crise económica e a fome, a desorganização administrativa, o apoio aos deficientes que a guerra provocara, a proliferação de minas terrestres em muitas zonas do país e, por vezes, alguma falta de vontade política das partes, fizeram com que o Acordo Geral de Paz tivesse demorado quase trinta anos a concretizar-se plenamente. Segundo a edição de hoje do jornal O País, foi encerrada a última base da Renamo e os seus últimos 347 militares passaram ontem, oficialmente, à vida civil, no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração.
Demorou muito tempo, mas a paz chegou a Moçambique. Finalmente!

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