A iniciativa de
convocar as chamadas jornadas
parlamentares da maioria, aparentemente para esclarecer os deputados sobre o
conteúdo do Orçamento do Estado que em breve vai ser discutido, teria sido uma
coisa positiva se não se tivesse transformado numa jornada de propaganda pura e
dura, que encheu as televisões com o discurso de um sucesso que todos sabemos
não ser verdade. Porém, propaganda é assim mesmo, mas não gostei. Além disso não gostei nada de
ver a segunda figura do Estado metida naquela sessão, inclusive a lembrar-nos
que a primeira figura estava ausente. Em nome da credibilidade do Estado, isso
não pode acontecer. Não lhe fica bem e, se havia dúvidas, aí está a confirmação
de que é uma marioneta do seu
partido, o que ajuda a explicar como chegou e onde chegou.
Mas houve outras notas
interessantes nestas jornadas, a fazer corar de vergonha o Paul Krugman e o
Joseph Stiglitz. A primeira foi a declaração substantiva do vice-ministro Portas de que "é possível
que Portugal esteja a poucas semanas de saber oficialmente que saiu de uma
recessão técnica", o que parece ser uma adivinhação ou uma pressão sobre o INE, semelhante às
que são feitas sobre o TC. A segunda foi a bomba lançada pelo ministro Lima, que
até parecia ser diferente naquele governo de adolescentes (comentador Mendes dixit), ao classificar como "milagre económico" o que está
a acontecer com a economia portuguesa. Como é possível dizer-se isto quando “vemos, ouvimos e lemos” uma
realidade bem diferente no nosso quotidiano e, no mesmo dia, o INE nos veio dizer que em 2012
emigraram 121.418 pessoas, isto é, mais de 10 mil pessoas por mês do melhor que a nossa
comunidade tem – um record histórico desde que há registos. O que é que querem fazer de nós?
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