Lisboa, 14 de Abril de 2014 |
Três antigos Presidentes da República Portuguesa participaram ontem na conferência
"O 25 de Abril, 40 anos depois", organizada pela SIC Notícias e pelo
Expresso e disseram que o 25 de Abril valeu a pena, mas que há ainda muito por
fazer para melhorar a democracia em Portugal, porque o desemprego ainda é muito
elevado e a elevada pobreza nos envergonha.
Num painel
moderado por Pinto Balsemão, ouvi Eanes, ouvi Soares e ouvi Sampaio a elogiarem
o desprendimento do poder por parte dos militares que protagonizaram a Revolução dos Cravos,
permitindo a instauração do regime democrático em Portugal, bem como a defesa que fizeram do
Estado Social. Ouvi Mário Soares a dizer que o 25 de Abril foi “o dia mais
feliz da minha vida”, a afirmar que “quem fez o
25 de Abril foram exclusivamente os militares, não foram os civis, nem os
partidos políticos” e a solidarizar-se com os capitães de Abril e a recusar o convite para estar na Assembleia da República nas
comemorações oficiais da data, embora “nesse dia ande de cravo ao peito”. Ouvi
Ramalho Eanes fazer um retrato crítico dos tempos que atravessamos e dizer que
o facto de "haver portugueses com fome é uma
coisa que nos ofende e que não devíamos permitir", mas também que sem
Estado Social, o pluralismo e a tolerância estão em perigo. Ouvi Jorge Sampaio
a dizer
que o 25 de Abril foi “uma utopia que se realizou”, que acabou com 13 anos de
guerra, para além de ser igualmente muito crítico
com a situação por que passa o nosso país e dizer que "não é com salários
baixos, mas com pessoas qualificadas" que se pode desenvolver o país.
Foram três vozes grandes a afirmar que o 25 de Abril valeu a pena.
Há poucos dias eu tinha ouvido a desbocada e mal penteada Presidente
da Assembleia da República num infeliz e deselegante registo
dirigido aos militares de Abril, exactamente aqueles que lhe abriram as portas
para uma carreira política para a qual, parece, não ter qualidades pessoais; e ouvi,
também, o actual inquilino de Belém numa sessão de
propaganda a que lamentavelmente se associou, num registo despropositado de
bajulação de cunho partidário e de indiferença perante a lamentável situação
social e económica por que passa o país, a mostrar que não é o presidente de todos os portugueses.
Assim mesmo.
Uns são grandes, outros são muito pequenos.
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