O 25 de Abril
aconteceu há 39 anos, mas ainda há muitos episódios por contar, relativamente
ao regime do Estado Novo que naquele dia foi derrubado e que, por vezes,
parecem ser esquecidos e, em alguns casos, até branqueados. Um desses episódios
mais marcantes foi a perseguição que a PIDE fez aos oposicionistas ao regime,
aos movimentos estudantis e sindicais e, em especial, àqueles que tinham optado
por acções violentas. Embora a transição de Salazar para Marcelo Caetano
tivesse trazido alguns ventos de liberalização ao regime, foi sol de pouca dura
e, nos anos de 1973 e 1974, várias centenas de pessoas foram presas, incluindo
militantes comunistas e de movimentos de extrema-esquerda, católicos progressistas
e operacionais da luta armada. As prisões de Peniche e de Caxias tornaram-se
pontos simbólicos da repressão do regime e foi nessas prisões que estiveram os
últimos presos do Estado Novo, que o 25 de Abril libertou.
A jornalista
Joana Pereira Bastos decidiu recolher o testemunho de
alguns desses presos políticos que então se encontravam no Forte de Caxias, a
fim de preservar essa memória histórica de um tempo que foi doloroso para
muitas pessoas e o resultado foi um livro: “Os Últimos Presos do Estado Novo - tortura
e desespero em vésperas do 25 de Abril".
É um trabalho de grande interesse documental que resulta de mais de uma dezena de depoimentos de antigos presos políticos - alguns deles bem conhecidos - que está muito bem contextualizado e que é de fácil leitura pois a escrita é muito fluente. É um livro a não perder por quem queira conhecer algumas das raízes do 25 de Abril ou por quem queira conservar viva a memória dos tempos da ditadura.
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