Eduardo Lourenço
deixou-nos ontem aos 97 anos de idade, mas a sua notável obra vai permanecer
entre nós, tal como o seu exemplo de pensador, de democrata e de amante da
liberdade. Ao contrário de tantas pessoas que aparecem na televisão e que
afirmam tê-lo conhecido e com ele ter convivido, eu nunca me cruzei com ele,
nem o conheci pessoalmente, mas devorei em devido tempo algumas das suas obras,
de que destaco O Fascismo nunca Existiu
(Publicações Europa-América, 1976) e O
Labirinto da Saudade (Publicações Europa-América, 1978), de que resultou
ter ficado admirador do seu pensamento e das suas análises sobre o momento
político que se vivia em Portugal.
Eduardo Lourenço
viveu mais de metade da sua vida em França onde foi professor e se tornou um
convicto europeu, sem nunca ter esquecido as suas raízes rurais de São Pedro de
Rio Seco, no concelho raiano de Almeida. No seu percurso
de vida como pensador, professor, filósofo e ensaísta, foi amplamente
reconhecido, tendo sido distinguido com condecorações portuguesas e francesas e
com quatro doutoramentos honoris causa,
além de muitos prémios, de que se destacam o Prémio Camões em 1996 e o Prémio
Pessoa em 2011 que são, certamente, os mais prestigiados prémios da cultura
portuguesa.
Era administrador
não executivo da Fundação Calouste Gulbenkian desde 1999, foi condecorado com a
Grã-Cruz da Ordem da Liberdade em 2014 e, desde 2016, era Conselheiro de Estado,
designado pelo actual Presidente da República.
Não há muitos portugueses cujo
currículo académico e exemplo de cidadania se equipare ao de Eduardo
Lourenço.
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