Nas sociedades
democráticas como é a sociedade portuguesa desde 1974, os direitos dos cidadãos
têm expressão constitucional e, entre outros, os direitos sindicais são
respeitados. Utilizando esse direito e através dos seus sindicatos, as
corporações profissionais dos médicos, dos enfermeiros, dos professores, dos
polícias e de outras corporações com capacidade reivindicativa, procuram
melhorar as suas condições salariais, mas o facto é que “as necessidades são
ilimitadas mas os recursos são escassos”, isto é, nem sempre é possível
satisfazer as reivindicações por mais justas que sejam. No caso dos médicos e
dos outros profissionais de saúde, que são o sustentáculo do Serviço Nacional
de Saúde (SNS), o problema parece ser bem complexo devido ao aparecimento da
concorrência dos hospitais privados, ao duplo emprego dos profissionais, ao
aumento exponencial da procura dos serviços de urgência e a outros
condicionamentos. Quando acontecem os picos de covid ou da gripe a situação torna-se bem mais grave. Porém, nunca
o SNS teve tanto dinheiro como agora, o que parece indiciar que estamos perante
um caso de má organização e de péssima gestão! Queixam-se muitos utentes que o
SNS funciona mal e que obriga a largos tempos de espera nas urgências
hospitalares, o que é logo aproveitado pelas televisões para fazer o seu
trabalho de propagandear o que está mal e ignorar o que está bem, isto é, as
televisões seguem a regra em que a notícia é ”o homem que morde o cão e não o
cão que morde o homem”. Com a aproximação de eleições, porque o assunto é
importante, é colocado no topo da agenda mediática, entrando-se no campo da
demagogia e dos demagogos.
O problema existe
e é preocupante, mas não é exclusivo de Portugal. Ontem, o jornal Le
Parisien
dedicou uma larga reportagem aos hospitais e ao “l’enfer aux urgences”
francesas e, tudo o que lá está escrito, mostra que o nosso SNS compara para
melhor com os serviços de saúde franceses e, como já era sabido, também com o
National Health Service (NHS) inglês. Viva o SNS!
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