Por vezes, nas
nossas deambulações pela província, encontramos pontos de venda ou pequenas
lojas que resistem à hegemonia das grandes superfícies, à pressão das suas
campanhas publicitárias e à diversidade da sua oferta comercial. Esses pequenos
espaços são geridos familiarmente, não devem ter contabilidade organizada, raramente
se modernizam e vão resistindo às diversas formas de fiscalização económica.
Vendem aquilo que produzem, sobrevivem com base na fidelidade da sua clientela
e na oferta de produtos genuínos que inspiram confiança. Representam uma
tradição cultural do encontro entre a oferta e a procura e, em certo sentido,
são uma herança dos tempos da troca directa e da economia não monetária e, em
muitos casos, até constituem um quase serviço público.
No entanto, até
nesses lugares se vão tomando medidas para manter a clientela ou para
intensificar a procura, surgindo uma atitude de informação ao público ou, dito
de outra maneira, utiliza-se a publicidade. Trata-se de uma actividade
semelhante ao que se passa com a promoção dos dentífricos, dos champôs ou dos
detergentes, mas também com os destinos turísticos, as marcas de automóveis ou
os serviços de comunicações móveis, embora não tenha semelhante grau de
sofisticação. Quando um ponto de venda de batatas, hortaliças, morcelas e
farinheiras, informa que “os melhores
enchidos caseiros do planeta estão desta porta para dentro”, está a fazer
publicidade à sua maneira e de uma forma eventualmente mais objectiva e mais
séria do que a sofisticada publicidade dos detergentes que lavam mais branco.
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